
A artista baiana Edsoleda Santos destaca-se por sua larga produção de desenhos, ilustrações e pinturas, que aliam sensibilidade, intuição, sonhos, memórias e pesquisas sobre a paisagem cultural baiana. Mestra em Artes Visuais pelo PGAV – UFBA (1995), com o projeto “Onímàle Odô: As lendas de Oxum”, também é autora das ilustrações e da maioria dos textos da Coleção Lendas dos Orixás, publicada pela Solisluna Editora, a partir de 2010. Edsoleda destaca-se nas artes visuais no cenário baiano desde 1965, recebeu o Prêmio Estadual de Desenho, na I Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia (1966), entre outros, realizou diversas exposições individuais, além de participar de coletivas, salões, bienais e feiras literárias.
AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. 40. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996.
MATOS, Matilde Augusta de Matos. Água: Reflexos na Arte da Bahia. Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2012.
SANTOS, Edsoleda Maria Maciel. Onímàle Odô: As lendas de Oxum. 1995, 83 fls. Memorial. Mestrado em Artes Visuais. Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA, 1995.
VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas dos Orixás. 4 ed. Salvador: Corrupio, 2011.
Eletrônicas seguidas dos links:
Bate-papo Arte Ancestral no Espaço Empoderamento - Casa Vale do Dendê, na Festa Arte e Identidade no instagram. Participantes: Valéria Pergentino, Goya Lopes e Edsolêda Santos. Disponível em: https://www.instagram.com/arteeidentidadeoficial/p/Cx4CJaavHIc/?locale=zh-TW Acesso em: 30 out. 2024.
BRITO, Reynivaldo. Edsoleda pinta inspirada na ancestralidade. 3 mai. 2025. Disponível em: https://reynivaldobritoartesvisuais.blogspot.com/2025/05/edsoleda-pinta-inspirada-na.html Acesso em: 4 mai. 2025.
RIBAS, Carlos. Grupo Odundê: um ciclo que abriu espaço na Universidade aos corpos negros que dançam na Bahia. 2 nov. 2022. Disponível em: https://www.edgardigital.ufba.br/?p=25109 Acesso em: 30 jun. 2025.
UNIFESP. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Campus Guarulhos. Projeto Texto e Contexto Unifesp. A poeticidade das Lendas Africanas. Mediação: Iara Faria; convidados: Edsoleda Santos; Kim Guerra (Solisluna). 2h05’59’’02 (Live). Guarulhos, 30 mai. 2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jHbTnvpeo98 Acesso em: 17 out. 2024.
Periódicos:
A TARDE. Edsoleda mostra “Vivências” na Galeria do Complexo Sesc. Salvador, 29 jan. 1988, Cad. 2, p. ?.
A TARDE. Exposição para o encerramento do Curso da EBA. Salvador, 07 jul. 1995. Cad. 1, p. 5.
A TARDE. Onímalé Odó. Exposição: Signos oníricos. Salvador, 01 jul. 1975. Cad. 2. p. 3.
BAHIA Hoje. Exposição, Salvador, 07 jul. 1995, p. 8.
BAHIA Hoje. Salvador, 06 jul. 1995, p. 3.
BORJA, Lídia. Artes Plásticas. Exposições na Bahia. A Tarde. Salvador, 8 out. 1966. Cad. 2, p. ?
BRITO, Reynivaldo. Artes Visuais. Edsoleda cultua Oxum. A Tarde, Salvador, 18 jul. 1995. Cad. 2, p. ?,
CORREIO DA BAHIA. Corta-Luz. Salvador, 07 jul. 1995, p. 2.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Premiados da Bienal desfilam na base do velho “quem é quem”. Salvador, 29 dez. 1966, p. 7.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Selecionados trabalhos baianos para a I Bienal. Salvador, 12 nov. 1966, p. 4.
DIÁRIO Oficial. Artista expõe no Ferrão amanhã “Lendas de Oxum”. Salvador, 07 jul. 1995. Cad. 1, p. 3.
FREIRE, Luiz. Grafismos e Afro-brasilidades. A Tarde. Salvador, 20 nov. 2022. Muito. Olhares, p. 7.
GOMES, Célia. Poesia da Forma Feminina. A Tarde Cultural. Salvador, 25 out. 1992. Cad. 2,Telas & Cores, p. 5.
PARAÍSO, Juarez. Artes Plásticas. Tribuna da Bahia, Salvador, 5 set. 1970, p. 10.
RIBEIRO, Simone. Feitiço óbvio: A Mandrágora. A Tarde. Salvador, 27 mai. 1994. Cad. 2, p. 8.
TRIBUNA DA BAHIA. História em quadrinhos na mostra de Edsolêda. Salvador, 7 mai. 1975, p. 11.
TRIBUNA DA BAHIA. Desenhos de Edsolêda têm impacto espacial. Salvador, 6 fev. 1973, p.?
TRIBUNA DA BAHIA. Salvador, 6 jan. 1973, p.?
Arquivo Pessoal da Artista:
Catálogo da exposição Edsoleda – Desenho, na Galeria Convivium. Salvador, 1965.
Catálogo da exposição Arte na Bahia, na Galeria Convivium. Salvador, 1966.
Texto Trajeto Criativo - Técnicas e poéticas, da autoria de Edsoleda Santos (Não publicado).
Entrevistas:
SANTOS, Edsoleda. Entrevistas concedidas a Suzane Pinho Pêpe. Salvador, 12 out. 2024 e 14 dez. 2024.
Edsoleda Santos (Edsolêda Maria Maciel Santos)
(Salvador, BA, 5 de fevereiro de 1939).
Retrato de Edsoleda Santos, 2024 (Foto, S. Pêpe).
1963 – 1965 – Curso de Escultura, pela Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia (EBA – UBA).
1967 – Conclusão da Licenciatura em Desenho e Plástica, Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA – UFBA).
1980-1981 – Curso de Litogravura, com o professor Antonio Grosso, em Salvador, BA.
1992 – 1994 – Mestrado em Artes Visuais – Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes (PPGAV – EBA – UFBA).
Anos 1960 – Atualmente.
Desenho, Pintura, Figurino e Ilustração.
Professora e servidora pública.
Assinatura e data a lápis sobre a pintura à aquarela “Iemanjá”, na técnica aquarela sobre papel.
Edsolêda Maria Maciel Santos nasceu na Cidade do Salvador, BA, em 5 de fevereiro de 1939. Filha de Jorge Adalberto Santos e de Maria de Lourdes Maciel. Foi criada em um ambiente de família ampliada, com a participação de suas tias paternas que lhe ofereceram orientação religiosa católica, mas as ações cotidianas eram influenciadas pela ascendência africana. Ela teve contato em sua infância com a sua bisavó paterna, Ebami Maria Augusta Pires, filha de africanos escravizados, cujos ascendentes eram de língua fon. Seu tio Tatakamukengue Raimundo ensinava Kicongo no Centro de Estudos Afro-Orientais (UFBA) (Entrevista, 12 out. 2024; BRITO, 3 mai. 2025).
Edsoleda estudou no Liceu Brasileiro de Educação, onde fez o Curso Primário, e no Ginásio Bahiano de Ensino, ambos no bairro de Nazaré. Nessa época, o ensino era rígido, contudo, ela ingressou, com bolsa de estudos, no Colégio de Aplicação (UFBA), conhecido por sua excelência e por estimular certa autonomia nos jovens. Aí concluiu seu curso ginasial e fez o ensino médio. Antes de finalizá-lo, seus testes de orientação vocacional indicaram a sua aptidão para as artes. Logo, prestou o exame vestibular para a Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, tendo o apoio de seu pai, apesar das preocupações de sua família, uma vez que a profissão artista era considerada instável (Entrevista, 12 out. 2024; BRITO, 3 mai. 2025). Mas, estava segura de sua escolha e construiu uma trajetória fecunda.
Abalada pela partida de sua bisavó Maria Augusta, Edsoleda precisou ser tratada de sua saúde física e espiritual, precisando interromper seus estudos iniciados na EBA. Foi, então, levada por seu tio Tatakamukengue Raimundo Pires à Kyatulembura Maria Bernadete dos Santos (Dona Detinha), filha de Ogum com Nanã, mãe de santo deste, para o jogo de búzios, tradição oracular realizada entre os seguidores das religiões que cultuam os orixás, cujo objetivo é, por meio da comunicação com essas divindades, obter a sua orientação espiritual. Edsoleda recebeu os cuidados espirituais necessários por parte da sacerdotisa, e seu tio foi informado por esta de que a sua sobrinha (Edsoleda) era a provável herdeira da família do legado da sua bisavó e, possivelmente, teria uma “missão” em seu caminho (Entrevista, 12 out. 2024).
De volta à EBA, estudou Escultura entre 1963 e 1965, além de ter seguido a Licenciatura em Desenho e Plástica, que concluiu em 1967. A EBA era referência da busca de liberdade e lugar privilegiado para a experimentação em processos criativos, o que decorreu de mudanças como a ruptura com o modelo de ensino acadêmico em prol da expressão da arte moderna e contemporânea, mediante polêmicas, simpósios e fóruns de debate (ver PARAÍSO, 1996, p. 14-15). Foram mestres de Edsoleda Augusto Buck, Mercedes Kruschevsky, Delmar Ewaldo Schineder, Juarez Paraíso, Jacyra Oswald, entre outros, que contribuíram para a sua sólida formação e compromisso com a arte. Participou das aulas da EBA junto com Marlene Landim, Angelo Roberto, Iracema Almeida, Marlene Cardoso, Humberto Rocha, Edísio Coelho, Ceres Pisani e outros (Entrevista, 12 out. 2024). Fizeram parte de sua formação complementar, os estágios, em Salvador, na agência de propaganda e publicidade Propeg, e na Gráfica da UFBA, sob a supervisão do jornalista e fotógrafo Ailton Sampaio (Entrevista, 14 jan. 2025).
Em 1968, Edsoleda foi aprovada em dois concursos públicos, um, para atuar como professora de Artes da Rede Estadual de Ensino, que a levou a lecionar no Colégio Severino Vieira, dirigido por Amália Magalhães, criadora um Centro de Educação Artística na instituição. O segundo concurso foi para trabalhar no Departamento Cultural da UFBA, dirigido nessa época, pelo arqueólogo Valentin Calderon. (Entrevista, 12 out. 2024). Segundo Edsoleda, na UFBA, a sua atividade inicial foi desenhar fragmentos arqueológicos, a fim de oferecer ao observador uma imagem exata de objetos de pesquisas arqueológicas. Segundo ela, era difícil controlar a sua imaginação na realização de desenhos objetivos, assim o professor Calderon optou por colocá-la na execução de produções que requeressem criatividade. Foi então deslocada para a Coordenação Central da Extensão, dirigida pelo professor Fernando da Rocha Perez, onde atendia às demandas dessa Coordenação e das unidades a ela ligadas, a Escola de Teatro, a Escola de Dança e a Escola de Música. Passou a trabalhar especificamente nesta, posteriormente, na Escola de Dança.
Anos 1960
Edsoleda deu início a seu processo artístico, sob as orientações da professora de desenho Jacyra Oswald, alinhada à pedagogia experimental, com base em princípios de percepção espacial e da estrutura compositiva segundo Rudolph Arnheim, na experimentação de recursos visuais, como transparência, conexão de linhas e mudança de planos. Ela escolheu trabalhar a técnica de desenho a bico de pena e nanquim sobre placas de eucatex preparadas com primer e, como temática, o casario colonial baiano (Entrevista, 14 jan. 2025).
Levou para o desenho a sua interpretação da arquitetura da cidade do Salvador, onde são vistos gradis, torres de igrejas, janelas, portais, ornatos e escadas. Ela explorou a transparência e a superposição de planos com desenhos de texturas de grande delicadeza, formando áreas de diferentes intensidades de luz (Entrevista, 12 out. 2024). Sobre esse primeiro momento, Riolan Coutinho destacou: “Os exercícios de construção abstrata [...], com a luz a que se dedicou primeiramente lhe proporcionaram um agudo senso de equilíbrio e tensão espacial que continua a reger suas composições após o surgimento de elementos figurativos representados pelo seu casario.” (Texto de Riolan Coutinho, no Catálogo de Exposição Edsoleda, 1965). A serenidade e a sensibilidade da visão intimista e pessoal de Edsoleda também foram ressaltadas por Riolan.
Edsoleda trabalhou o tema cidade, enfatizando a estrutura composta por ortogonais, o desenho fino, além dos efeitos de transparência. Inseriu elementos barrocos e mais contraste nas composições. As linhas do desenho foram ficando mais sinuosas e flexíveis até sobressaírem massas e volumes. São dessa fase os trabalhos que apresentou na I Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia, no Convento do Carmo em 1966, quando conquistou o Prêmio Estadual de Desenho, passando por rigoroso júri, composto dos críticos de arte brasileiros Mario Schemberg, Mário Pedrosa, Clarival do Prado Valadares, Riolan Coutinho e Wilson Rocha.
Além dessas abordagens, introduziu, nos anos seguintes, uma aparência onírica à paisagem, por meio de construções surreais, com longas escadarias integradas a composições que remetem a desenhos do holandês Maurits Escher, sendo mais orgânicos que os deste. Em 1967, Juarez Paraíso escreveu sobre a transformação do trabalho de Edsoleda entre 1965 e 1966:
De uma estrutura ortogonal, onde predominam os grandes planos geométricos e transparentes, suporte plástico da linguagem lírica, Edsoleda Santos atinge a maturidade de um franco expressionismo, surpreendentemente rico de implicações surreais [...], a curva melhor reflete as influências locais geográficas onde o barroco é a envolvência suprema. (Convite de Exposição Desenhos. Edsoleda,1967).
Participou da II BNAPB, no Convento da Lapa, para a qual compôs, segundo ela, “peças de compensado grosso recortadas à semelhança do tronco humano”, sobre as quais pintou “imagens da inanição humana”, produzindo áreas uniformes, utilizando tinta guache acrílico violeta escuro sobre fundo violeta claro. O conteúdo desses trabalhos dizia respeito à desigualdade social e ao ambiente de repressão política, e suspensão de direitos civis e políticos (Texto de Edsoleda Santos, não publicado).
As BNAPB proporcionaram o contato com a arte brasileira, particularmente, com artistas que romperam com as concepções tradicionais do objeto artístico, como Lygia Clark e Hélio Oiticica, revolucionários da arte contemporânea nos anos 1960. Houve também efervescência em torno da formação de grupos com propostas artísticas experimentais, como o Teatro Oficina, o Cinema Novo e a Tropicália, que expressavam visões realistas dos problemas sociais e políticos da sociedade brasileira.
Os acontecimentos mundiais reverberaram igualmente sobre a expressão. Para Edsoleda, a abordagem nas artes sobre conflitos armados do Vietnam (1959-1975) e do governo federal da Nigéria contra Biafra (1967-1970) foi uma forma de extravasar tensões e exprimir o sentimento de indignação diante desses eventos devastadores. Sobre a sua expressão artística relativa a esse momento, ela indicou: “Manifestei a minha opinião através de pinturas com guache acrílico sobre tela em alto contraste preto e branco, com detalhes em vermelho, simbolizando sangue derramado. Priorizava cabeças, com o cérebro recheado de manchetes pavorosas [...]” (Texto de Edsoleda, não publicado).
Essas tendências, no Brasil, fizeram parte do contexto ocidental de contestação de valores e padrões sociais e culturais estabelecidos pela sociedade dominante, que foi denominado Contracultura, expressivo entre os anos 1960 e 1980.
Anos 1970 e 1980
No Colégio Severino Vieira, entre 1969 e 1971, Edsoleda Santos criou figurino e alegorias para a participação do colégio nos desfiles das Olimpíadas da Primavera, ocorridos na Fonte Nova, organizados pela Secretaria de Educação e Cultura e patrocinados pelas Emissoras e Rádio Associados, consequentemente, muito divulgados pela mídia baiana, com destaque para o “Severino” tricampeão do certame em 1971 (Arquivo da artista). A respeito do processo de criação dos figurinos, segundo Edsoleda, era partilhado com a sua colega Nildéia Souza Andrade, artista plástica e professora do Severino Vieira. A primeira criava o projeto e os desenhos do figurino, alegorias e adereços, e a segunda materializava a proposta, com grande habilidade (Entrevista, 12 out. 2024).
Já em seu processo artístico pessoal, na década de 1970, expressou-se por meio da pintura, explorando efeitos com aquarela, assim como lápis de cor sobre guache. Em 1973, o crítico Wilson Rocha comentou sobre o amadurecimento de sua obra, sua rica experiência visual e a coerência visual nela contida, estímulo à emoção. Destacou o impacto espacial e das cores em sua “invenção plástica” (Tribuna da Bahia, 6 jan. 1973).
Edsoleda externalizou que a gestação influenciou sobre as formas dos casarios arredondados e flutuantes que pintava nos anos 1970, o que se estende aos anos 1980. Outro dado importante em seu caminho criativo é inserção espontânea de personagens imaginados, como explica: “De repente eu criei um personagem, que era uma mulher toda verde, nua, correndo pela cidade. Foi quando eu comecei a colocar figuras dentro da cidade [...], e foram surgindo narrativas visuais sobre personagens inspiradas no cotidiano das pessoas, seus medos e suas fantasias”. (Entrevista, 14 jan. 2025).
A ideia de uma narrativa sequenciada na obra de da artista visual é fruto do exercício espontâneo imaginativo que se iniciou em sua adolescência, ao ouvir radionovelas transmitidas pela Rádio Nacional, cujos roteiros enfatizavam o movimento e as roupas das personagens. Em sua produção plástica, as personagens, que criou, vieram a público em 1975, na exposição de pinturas que fez no MAM BA (Entrevista, 14 jan. 2025).
Na Universidade Federal da Bahia, produziu uma série de cartazes, para espetáculos e seminários de cinema, teatro, dança e música. Essa atividade teve início em meados dos anos 1970, sendo sempre curto o prazo para a criação, limitando a leitura das peças na íntegra. Como estratégia, ela conversava com os diretores e coreógrafos, ao tempo que esboçava croquis, para então continuar o trabalho (Entrevista, 14 jan. 2025). O segundo desafio que enfrentou, na época, foram as limitações dos recursos gráficos e editoriais, ao lado das restrições orçamentárias para o setor da Educação. Também, para os textos dos cartazes, eram empregadas letras transferíveis, o que requeria tempo e precisão. É importante frisar que:
A artista gozava de uma liberdade de criação nem sempre comum nas concepções para o mercado, afinal, os cartazes e folhetos promoviam espetáculos de dança e teatro difíceis de serem sintetizados em uma imagem. Não se tratava de vender um produto, mas de divulgar, atrair o público a frequentar as salas de teatro (FREIRE, 20 nov. 2022, p. 7).
Apesar das limitações, realizou uma plêiade de cartazes na UFBA, como os das Mostras do Filme Etnográfico O Homem Nordestino (1975) e O Homem e a Cidade (1983), no ICBA, o do Concurso Latino-Americano de Composição “Conjunto Música Nova da UFBA” (1978), patrocinado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), Secult do Município de Salvador; das Oficinas de Dança Contemporânea (1980 e 1981); do espetáculo de dança “Didi Wa” (1983), do Grupo Odundê (direção e coreografia de Conceição Castro), no ICBA.
No início dos anos 1980, Edsoleda atendeu à demanda de cartazes de espetáculos no Teatro Santo Antonio (UFBA), inclusive de trabalhos da graduação, orientados por diretor teatral e professor Carlos Petrovich, “Coleta Conta Canta e Encanta” (1980), de Aricelma Borges; “Tropeços do Verbo Ser”, texto e direção de José Carlos Barros; a “História de Panchito Gonzalez” (1981), texto e direção de José Carlos Barros, orientado por Paulo Dourado; “Revolução dos Beatos”, sob a orientação de Paulo Dourado e Harildo Deda.
Na UFBA, destacou-se como figurinista junto ao “Grupo Odundê”, criado entre 1981 e 1982, na Escola de Dança, pioneiro na articulação da dança afro-baiana contemporânea no ambiente acadêmico. Esse trabalho abriu o caminho para as suas pesquisas a respeito da cultura de matrizes africanas na Bahia, assim como foi o contato com os corpos em movimento foi um estímulo grandioso à criatividade, no que tange à plasticidade e à ergonomia do vestuário. Esse trabalho influiu sobre o domínio do movimento da figura humana em toda a sua produção plástica (Entrevista, 14 jan. 2025).
Também, na década de 1980, em linguagem contemporânea e com ênfase nas temática afro-brasileira, concebeu o figurino para a “Ópera Negra”, em que são enfatizadas as divindades africanas (orixás). Esse espetáculo foi exibido no Serviço Social do Comércio (Sesc), No cinema, o filme Jubiabá, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, baseado no romance homônimo de Jorge Amado, recebeu o prêmio de Melhor Figurino, da autoria de Edsoleda Santos. É importante lembrar que o filme estreou em 1987, com trilha sonora de Gilberto Gil, fotografia de José Medeiros e a participação de Ruth de Souza e Grande Otelo, da maior importância.
A dedicação à pesquisa e versatilidade da figurinista foi além e, na década seguinte, o figurino da peça de teatro Mandrágora, dirigida por Manoel Lopes Pontes, em 1993, adaptação da comédia de Nicolau Maquiavel, foi destacado pela jornalista Simone Ribeiro: “As roupas apresentadas em A Mandrágora valem um elogio à parte. A importância dos tecidos, as cores lustrosas, o bom acabamento do conjunto em cena salta aos olhos à primeira vista e chegam a contrastar com o cenário rústico” (RIBEIRO, 1994, p. 8).
De volta à sua obra bidimensional, ela fez uma reflexão, muitos anos mais tarde, sobre a falta de motivação em 1969 e 1970, anos pós Bienais, e de seu reencontro com a expressão em seguida, ao empregar técnica mista: “Em 1971, houve um retorno feliz à aquarela, com o tema: ‘O Sonho no Cotidiano das Pessoas’, desenvolvido numa estrutura sequencial embasada na história em quadrinhos” (SANTOS, 1995, p. 73). Nessa época, encontrou novos caminhos para se expressar com cores aquareladas, aliadas ao uso do bico de pena, assim como tirou partido de efeitos chapados oferecidos pela tinta guache, e dos lápis (SANTOS, 1995, p. 73). Em 1973, as formas das composições ficaram mais volumosas, reflexo da gestação. Assim os elementos construtivos da cidade ficaram arredondados e dispostos de forma mais orgânica (Entrevista, 14 jan. 2025).
A imersão da artista na paisagem cultural de Salvador e a interpretação de sua espacialidade, ao lado das vivências de sua própria história de vida, somadas às experiências de figurinos para espetáculos de dança repercutiram sobre a temática de suas pinturas. Afora a cidade, as suas obras ressaltam elementos da roupa de baiana – rendas, estampas, babados e colares; os orixás, cores e atributos. Mais tarde, ela escreveu: “em todas as cerimônias de cunho religioso que assisti, sejam pertinentes à Igreja Católica ou ao candomblé, a renda era o motivo que eu mais admirava, não só na decoração dos altares, como no vestuário dos fiéis” (SANTOS, 1995, p. 4). Esse universo de interações de elementos culturais aparece em sua obra de maneira muito especial, sem qualquer conotação estereotipada, muito pelo contrário, está ligado à sua experiência direta com o mundo sensível.
Jorge Amado fez alusão à trajetória de Edsoleda, no livro Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, ressaltando seu talento e inventividade e destacando-a entre os maiores nomes da arte baiana. Alude assim a aspectos da poética da artista:
[...] forte ou ágil, pisando no chão ou estendida nos céus, nas nuvens, levada pelo vento? [...] De súbito, explode em cores, numa invenção onírica que participa do desenho animado, da ficção, de uma verdade que transpõe os limites do habitual para romper-se em luz marítima e misteriosa onde nascem sereias em ato de amor (AMADO, 1996, p. 312).
O escritor captou elementos-chave da poética de Edsoleda Santos, a força e a leveza, o colorido e a luz, também o sonho, o ficcional e o feminino.
Anos 1990
1992 – 1995
A aprovação, em 1992, no curso de Mestrado em Artes Visuais, no Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes (PPGAV – EBA), na linha de Processos de Criação Artística, permitiu à Edsoleda dedicar-se ainda mais às suas pesquisas, buscando fundamentá-las no ambiente acadêmico, onde as trocas artísticas e intelectuais com mestres e colegas tornaram essa passagem inesquecível para ela. A artista desenvolveu o projeto intitulado “Onímàle Odô: As lendas de Oxum”, sob a orientação de Maria Celeste Wanner (SANTOS, 1995).
Seu objetivo, no Mestrado, foi expressar o conteúdo poético por meio da linguagem plástica, focada em Oxum, divindade da cultura ioruba, ligada às águas, a quem são atribuídos o poder sobre a gestação, a fertilidade da terra e a beleza (SANTOS, 1995, p. 8). As pinturas resultantes tiveram, como fonte poética, o “orixá Oxum através de seu lendário”; “relatos de Ossain” e lembranças de vivências da autora, na cidade do Salvador (SANTOS, 1985, fl. VII).
No Mestrado, seu ponto de partida foram as suas memórias de sua infância, especialmente, da sua avó paterna Maria Cecília (filha de Ebami Maria Augusta Pires) – que morava em uma pequena casa às margens do Dique do Tororó, em cujo quintal cuidava de uma laranjeira do orixá Oxum das águas doces, símbolo de amor e fertilidade. Ela lhe contava histórias ligadas à sua ancestralidade africana, o que veio a ser percebido e valorizado em sua fase adulta (Entrevista, 12 out. 2024).
Em seu Memorial, Edsoleda salientou seu interesse pelas imagens dos sonhos e por outras expressões da memória e da oralidade ocorreu desde a década de 1970, igualmente, abordou que mantinha conversas sobre arte e religião com o artista Paulo Rufino Mattos, seu amigo, cuja arte versa sobre as divindades afro-brasileiras e a sua espiritualidade (SANTOS, 1995, p. 12).
Em paralelo ao processo criativo, foram muitos os autores que pesquisou, sendo Síkírù Sàlámí, Pierre Verger, Roger Bastide e Lydia Cabreira são aqueles que mais embasaram seu trabalho que tem como argumento que “[...] as lendas, rezas, cantigas e evocações, que fazem parte do culto de Oxum, transmitem mensagens de valorização e preservação do meio ambiente, quando ensinam, aos seus filhos e crentes, o respeito pela água, como elemento vital da humanidade” (SANTOS, 1995, p. 2).
Com a finalidade de apreender e interpretar poeticamente “valores, conceitos e sentidos próprios” das religiões de matrizes africanas, especialmente, relativos à Oxum (SANTOS, 1995, p. 12), utilizou-se da pintura e da escrita, construindo a seguinte estrutura para a apresentação de sua produção plástica entre 1992 e 1995: “As ervas sagradas de Oxum”, “O amor e a vaidade”, “Arquétipos de Oxum”, “Prosperidade e fartura”, e “Ações e reações mágico-sagradas”.
As representações visuais desse processo artístico têm colorido simbólico, valorizam a natureza, seus tons atmosféricos, com o intuito de representar o “elemento água”, e em tons rosados, para simbolizar o feminino, fazendo uso das rendas e bordados. Pinturas e poemas criados por Edsoleda evidenciam a sua sensibilidade para além das cores e luzes da natureza, vão ao tratamento das formas e a simbologia arquétipos das divindades e ao imaginário da artista.
Na etapa do processo “As ervas sagradas de Oxum”, vem à tona um tema atual, a relação dos humanos com a natureza e sua preservação. As ervas têm seus poderes e Ossaim é aquele que as conhece.
Edsoleda partiu de itãs (histórias) de Ossain e Oxum, e de imagens de seus próprios sonhos, que enriqueceram a sua expressão. Segundo um dos itãs ioruba, Ossaim recebeu de Olodumaré o segredo das ervas, que só ele detinha; era conhecedor de suas propriedades. Os demais orixás só passaram a ter acesso aos poderes das plantas, quando, mediante um plano de Xangô, Iansã soprou uma forte tempestade, cujos ventos partiram uma cabaça, contendo folhas poderosas, guardadas por Ossaim. Essas foram espalhadas e cada orixá tomou para si algumas delas, apesar de Ossaim ter continuado a ser o Senhor do Segredo das Plantas (SANTOS, 1995).
No sonhos de Edsoleda, apareceu-lhe “uma floresta cor de prata”, surgindo, então, uma ave colorida, que trazia uma mensagem sagrada para “uma filha de Oxum”, o que a inspirou, pois é filha de Oxum. A partir dessas referências e com base nas narrativas publicadas por autores citados, ela materializou imagens pintadas e escritas, em linguagem poética, a exemplo:
As Ervas Sagradas de Oxum
Uma luz reflete-se em todos os dedos da mão aberta.
A mão fechada recebe o conhecimento, guardando-o numa cabaça.
O pássaro-poder de Ossain traz uma mensagem do mundo verde.
Oxum o percebe!
E com o seu olhar profundo
Vai desvendando o universo de partículas luminosas,
Multicoloridas.
Células encantadas que protegem o saber mágico da folha.
(Edsoleda Santos, 1995, p.14)
Este exemplo mostra como foi fluindo o seu trabalho criativo nessa fase. Além do mais, a sua intenção é que as obras possam ser fruídas em seu conjunto, de forma sequenciada, assim como interpretadas individualmente.
A obra “O Poder da Gestação” (1995) trata do empoderamento, do funcionamento do corpo feminino, especialmente, a menstruação que ocorre no útero, no período em que mulheres em idade fértil não estão grávidas. Como objeto para a criação artística, inspirou-se no itã em que Oxum transforma sangue menstrual em penas do papagaio (ekódidé).
A artista assim poetiza:
Momento III
As penas vermelhas do pássaro ekóc
simbolizam o fluxo menstrual.
Omo-Òsum compreende sua função de
Mulher e Mãe.
Os orixás estão maravilhados!
Diante do poder da gestação.
Guardam uma pena para si,
Ofertando cauris
Guardam uma pena para si,
Ofertando cauris.
Oxalá reverencia Omo-Òsum.
Assim surge um sinal vermelho
No universo branco
Da maior divindade fun-fun.
(Edsoleda Santos, 1995, p. 51).
Também lhe serviu de motivação a narrativa sobre uma filha de Oxum (Omo-Oxum), encarregada dos aparatos de Oxalá, seu esposo. A Omo-Oxum foi vítima de duas mulheres invejosas que jogaram a coroa do rei no mar. Comida por um peixe, e pescada por um pescador. que a vende para o séquito de Oxalá, quando este preparava uma grande festa. As “invejosas” também terminaram indo para a festa e colocaram, no assento dessa filha de Oxum, um preparado mágico.
É compreendido no contexto mitológico ioruba que, em consequência de magia feita, a filha de Oxum menstruou. Como Oxalá, é orixá da cor branca (fun-fun), e a cor vermelha lhe é vedada, ou melhor, constitui-se em uma interdição, a sua “esposa” fugiu para casa de sua mãe Oxum que a recebeu e transformou o sangue, que caía, em penas vermelhas de odidé (papagaio). Tudo voltou à normalidade e a única coisa vermelha que Oxalá permite é o ekodidé, prova de sua submissão ao poder genitor feminino (SANTOS, 1995).
Em 1995, um conjunto de mais de trinta trabalhos realizados desde 1992, foi apresentado na exposição “Onímàle Odó – As lendas de Oxum”, na Galeria Solar Ferrão, como triunfo do grande desafio poético no contexto acadêmico. Outrossim, a temática dos orixás desdobrou-se e, em 1997, na exposição, “Tramas Visuais no Universo Onírico”, na Galeria ACBEU, reforçou junto ao público a riqueza da sua obra sobre a temática afro-brasileira e seu universo simbólico.
Anos 2000
2003 – 2005
Edsoleda foi atraída pela busca aprofundada de si, desta vez, abriu-se para explorar a dimensão psicológica na expressão visual, com base em terapia orientada, com os florais de Bach, soluções de flor diluída em água, cujo uso visa o equilíbrio emocional da pessoa, interferindo sobre o humor e a imaginação. Esse processo terapêutico e artístico se deu entre 2003 e 2005, resultando em estudos e experiências visuais cromáticas mediante o uso de florais (Entrevista, 14 jan. 2025).
As pinturas dessa fase materializaram as experiências da artista, ganhando a forma de mandalas, o que ela explica, considerando a busca de centralidade do espaço e a estrutura centralizada das flores. A série composta por 38 pinturas, denominada “Florais”, foi exibida em exposição coletiva no Espaço Caixa Cultural Salvador, em 2005.
Anos 2010 – Atual
Desde que concluiu seu mestrado, ela desejava desenvolver um trabalho no campo editorial. Em 2010, os editores Valéria Pergentino e Enéas Guerra, da Solisluna Editora, situada em Lauro de Freitas, BA, abraçaram o projeto “Coleção Lendas Africanas dos Orixás”, tema de interesse, considerando-se a importância da preservação da memória e da ancestralidade africana e afro-brasileira, e de formas de acessá-las, de forma sensível, através de narrativas visuais e literárias.
Edsoleda vem trabalhando nesse projeto, como autora das ilustrações e textos de todos os livros da mencionada coleção, salvo do primeiro, Oxalufã: Êpa Babá, Êpa (2010), cujo texto é da autoria de Renato da Silveira, antropólogo e artista plástico. Os demais livros são dedicados aos seguintes orixás: Oxum, Ibejis, Iemanjá, Nanã, Obaluaê, Xangô, Oxumaré, Ogum, Exu e Oxóssi, alguns já em segunda edição.
Mediante mais variados recursos possibilitados pelo uso da aquarela sobre papel – manchas, transparências, degradés e brilhos – a ilustradora lança as cores harmonicamente, fazendo alusão à simbologia religiosa. Além dos protagonistas, os orixás, nas cenas, aparecem outras personagens e figurantes. O movimento dos corpos, a criatividade das roupas e penteados atraem o leitor. A paisagem natural, feiras, palácios e templos ambientam as cenas ricas em cores e efeitos visuais que transportam o leitor tanto a narrativa escrita, mas permiti-lhe viajar para outros tempos e lugares, onde se encontra com memórias pessoais e ancestrais.
Além das críticas sobre as primeiras fases da trajetória da artista tecidas por Riolan Coutinho, Juarez Paraíso, Wilson Rocha e Jorge Amado, o trabalho de Edsoleda recebeu comentários de Célia Gomes (1992) e Suzane Pinho Pêpe (1993), do crítico Reynivaldo Brito (1995, 2025), de Nanci Novais e de Luiz Alberto Freire (2022).
Em 2012, Matilde Matos publicou o livro Água: Reflexos da Arte na Bahia, no qual escreve sobre o tema em questão e a obra de Edsoleda, Oxum (1981), em técnica mista. Assim foi possível perceber melhor que, no trajeto da artista, as suas incursões ao universo afro-brasileiro são bem anteriores ao mestrado. Na análise da obra, a crítica de arte ressaltou a orixá das águas doces, seu espelho, rendas e búzios, além de arcos e escadas da cidade de forma discreta (MATOS, 2012, p. 84- 85). Nesse trabalho de colorido suave e transparente em rosas, azuis, verdes e amarelos, flagramos, no centro do espelho, o reflexo de Oxum submersa, metade mulher, metade peixe. Cavalos marinhos e outras formas orgânicas também são evocadas.
Figuram obras de Edsoleda nos seguintes acervos baianos: Museu de Arte Moderna da Bahia (“Cidade”, anos 1960, desenho a bico de pena sobre eucatex, 90 x 59,08 cm); Museu da Cidade (“Casario”, 1975, aquarela sobre papel, 72 x 54cm; “Cidade”, anos 1970, guache sobre papel, 58,5 x 41 cm; “Duas Yabás”, 1983, litogravura, 66 x 66 cm; “Iemanjá”, 2015, aquarela e bico de pena); Museu Castro Alves (“Murmúrios da Tarde”, 1997, acrílica sobre tela, 60 x 50 cm; “Queres Flores ? Queres Canto”, 1997, acrílica sobre tela, 60 x 50 cm e “Pensamento de Amor”, 1997, 60×50 cm, acrílica sobre tela; e Academia de Letras da Bahia (Brasil 500 Anos, 2000, acrílica sobre tela, 100 cm x 80).
No campo expositivo, ela destaca a sua participação, em 2018, na coletiva Histórias Afro Atlânticas, no Museu de Arte de São Paulo, SP, que abrigou obras de 214 artistas. O objetivo dessa mostra foi traçar paralelos, fricções e diálogos entre as culturas visuais em territórios afro-atlânticos – África, Américas, Caribe e Europa –, entre os séculos XVI ao XXI. Enfim, Edsoleda comentou sobre o reconhecimento de seu trabalho por artistas e curadores da mostra, como Ayrson Heráclito, que têm contribuído para impulsionar a produção artística afro-diaspórica (Entrevista, 12 out. 2024).
Edsoleda Santos vem marcando a sua presença em eventos literários, que incluem exposições, bate-papos entre outras atividades, quando tem lançado e exposto ao público a Coleção A Lenda dos Orixás, trabalho que desenvolve junto à Solisluna. Em São Paulo, também em 2018, a Coleção foi lançada na Livraria Nove Sete, no bairro Vila Mariana, quando ela recebeu uma homenagem do sacerdote Eduardo Lagunwá e seu grupo musical Aynlá, que comentou da relação das imagens do Obaluaê: Atotô! com lugares da Nigéria.
A sensibilidade e domínio sobre a linguagem visual colocam Edsoleda, filha de Oxum, como uma das disseminadoras da beleza da cultura afro-brasileira em pinturas, desenhos e ilustrações, movida pela sensibilidade aos valores de sua ancestralidade, pela memória e imaginação de suas vivências na cidade do Salvador.
1965 – Salvador, BA – Individual, na Galeria Convivium.
1966 – Salvador, BA – Individual, na Galeria Convivium.
1967 – Salvador, BA – Individual, no Museu de Arte Moderna da Bahia.
1973 – Salvador, BA – Individual, na Galeria de Arte da Bahia.
1974 – Salvador, BA – Série de aquarelas “Histórias em Quadrinhos”, no Museu de Arte Moderna da Bahia.
1980 – Vitória da Conquista, BA – Individual, na Galeria Geraldo Rocha, “O Atelier”.
1987 – Salvador, BA – Individual, na Galeria Bon Vivant.
1988 – Salvador, BA – Individual, na Galeria do Complexo SESC-SENAC.
1993 – Salvador, BA – Instalação Oferenda às Águas de Oxum, na Galeria Cañizares.
1995 – Salvador, BA – Onímàle Odó – As lendas de Oxum, na Galeria Solar Ferrão.
1997 – Salvador, BA – Tramas Visuais no Universo Onírico, na Galeria ACBEU.
2000 – Salvador, BA – Bahia Mito Magia e Rendas, no Conjunto Cultural da Caixa.
2003 – Salvador, BA – Florais de Bach : Uma Jornada Poética, no Conjunto Cultural da Caixa.
1964 – Artistas Modernas da Bahia, no V Congresso dos Lojistas.
1964 – Coletiva, na Galeria da EBAUBA.
1965 – Salvador, BA – Coletiva, no Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA).
1965 e 1966 – Distrito Federal, DF – 2.º e 3.° Salões de Arte Moderna do Distrito Federal.
1966 – I Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia – Prêmio Estadual de Desenho.
1966 – Coletiva, no Museu Regional de Jequié.
1967 – Vitória, ES – 2.º Salão Nacional de Artes.
!969 – Exposição coletiva Arte Jovem na Bahia, na Coleção Voltaico.
1970 – Salvador, BA – Coletiva Bahia Década 70.
1972 – Guiana, AS – Coletiva Festival do Caribe.
1983 – Coletiva Itinerante. Circuito do Nordeste.
1983 – Salvador, BA – Coletiva em homenagem à Mãe Menininha do Gantois, no Museu de Arte da Bahia (MAB).
1985 – Salvador, BA – Coletiva de Litogravuras, nas Oficinas do Museu de Arte Moderna da Bahia.
1997 – Salvador, BA – Comemorativa 150 Anos de Nascimento de Antonio de Castro Alves, no Teatro Castro Alves.
2001 – Salvador, BA – Participação no livro + 100 Artistas Plásticos da Bahia com exposição das obras no Museu de Arte Sacra.
2004 – Salvador, BA – Arte Negra Brasileira, no Pelourinho.
2007 – Salvador, BA – Exposição ao ar livre em homenagem a Cosme e Damião, no Campo Grande.
2007 – Salvador, BA – Mulheres em Movimento, na Galeria Cañizares.
2010 – Salvador, BA – Jornada Ecológica Move Arte, em homenagem a Itamar Espinheira, na Galeria Cañizares.
2015 – Salvador, BA – Convidada Especial no XII Salão Bahia Marinhas, na Galeria Cañizares.
2016 – Salvador, BA – Coletiva. Artes Visuais na Bahia – A Produção da Mulher na Contemporaneidade, no Museu de Arte da Bahia.
2020 – Salvador, BA – XXIV Trezena de Santo Antônio da Escola de Belas Artes da UFBA – Antônio, Tempo, Amor e Tradição: Toinho por toda parte, na EBA – UFBA, transmitido pelo instagram@santoantonioeba
2021 – Salvador, BA – XXV Trezena de Santo Antonio da Escola de Belas Artes da UFBA – Antônio, Tempo, Amor e Tradição: Toinho por toda parte, no Ateliê do Prof. Luiz Mário Freire transmitido pelo instagram@santoantonioeba
2022 – Salvador, BA – Participação com obra linear, na inauguração do Projeto de Arte Pública Caminho da Fé autoria do artista plástico Juarez Paraíso.
2022 – Inauguração do Projeto de Arte Pública Caminho da Fé, de autoria do artista plástico Juarez Paraíso, Cortejo das Baianas.
2010 – São Paulo, SP. 21.ª Bienal Internacional do livro, como artista ilustradora dos livros Oxalufã e A Dama de Branco.
2011 – Salvador, BA – Exposição no Novembro Negro, como autora e ilustradora dos livros Ibeji e Oxum. (Evento patrocinado pela Fundação Pedro Calmon).
2012 – Salvador, BA – Outubro Literário, no Salvador Shopping.
2012 – Cachoeira BA – II Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA).
2013 – Frankfurt, AL – Feira Internacional de Frankfurt.
2014 – Bolonha, IT– Feira Internacional do livro infantil de Bolonha.
2015 – Paris, FR – Participação no Salon du Livre de Paris.
2016 – Salvador, BA – Lançamento do livro Iemanjá, no espaço Ciranda Café Cultura & Artes.
2016 – Salvador, BA – Feira do Livro UFBA, no CAMPUS comemoração dos 70 anos UFBA.
2017 – Salvador, BA – Paraguassu Feira de Impressos, no Palacete das Artes.
2017 – Salvador, BA – Mesa Mestres do Saber – FLIPELÔ.
2017 – Medellin – CO – Exposição de livros na Conferência Alteridade, identidade e diferença nos livros, proferida por Valéria Pergentino. Editora da Solisluna sobre para crianças.
2017 – Sharfah, EAU – 36ª edição da Feira Internacional do Livro de Sharjah (Sharjah International Book Fair, #SIBF17).
2023 – São Paulo, SP – Feira do livro de Pacaembu – São Paulo.
2023 – Praia do Forte, BA – Palestra “Nas asas da ancestralidade”, na FLIPF Festa Literária Internacional de Praia do Forte.
2023 – Salvador, BA – Bate-papo “Imaginários Plurais e suas representações simbólicas
na literatura”, no Museu de Arte da Bahia.
2023 – Bate-papo em homenagem a Mãe Stella de Oxossi, na FLIPELÔ. Participantes: Enéas Guerra (designer gráfico), Edsoleda Santos (artista visual e designer gráfico) e Nelson Pretto (professor universitário).
2023 – Bate-papo Arte Ancestral no Espaço Empoderamento – Casa Vale do Dendê, na Festa Arte e Identidade no instagram.
1965 – Salvador, BA – Escolhida, na ocasião de Coletiva, no Instituto Cultural Brasil – Alemanha, para representar a nova geração de artistas baianos na Alemanha (Comissão julgadora: Genaro de Carvalho, Adan Firnekaes, Jacyra Oswald e Juarez Paraíso).
1966 – Salvador, BA – Prêmio Estadual de Desenho, na 1.ª Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia.
1967 – Vitória, ES – 3.º prêmio de Desenho, no 2.º Salão Nacional de Artes, concedido pela Reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo.
1968 – Salvador, BA – Prêmio de isenção de júri, II Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia.
1968 – Salvador, BA – Aprovação em concurso público para Professor do Ensino Médio – BA.
1968 – Salvador, BA – Aprovação em concurso público para o cargo de Conservador de Museu – UFBA.
1972 – Salvador, BA – Prêmio de Aquisição BANEB, na Coletiva Bahia Década 70.
1980 – Salvador, BA – 1.º lugar no concurso de Cartaz para o Festival de Arte – Bahia 80.
1985 – Salvador, BA – Prêmio pela Criação de Figurinos para o filme Jubiabá dirigido por Nelson Pereira dos Santos.
1992 – Salvador, BA – 1.º lugar na seleção do Mestrado em Artes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia.
1975 – “Mostra do Filme Etnográfico O Homem Nordestino”, no ICBA.
1978 – Concurso Latino Americano de Composição “Conjunto Música Nova da UFBA”. EMAC – UFBA.
1980 – “Oficina Nacional de Dança Contemporânea. Festival de Arte Bahia 80”.
1980 – Peça de teatro “Coleta Canta e Encanta”, no Teatro Santo Antônio, UFBA.
1980 – Peça de teatro “Esta propriedade está condenada”, no Teatro Santo Antônio, UFBA.
1980 – Peça de teatro História de Lenços e Ventos, no Teatro Santo Antônio, UFBA.
1981 – “Oficina Nacional de Dança Contemporânea. Festival de Arte Bahia 81”.
1981 – Peça de teatro História de Panchito Gonzalez, no Teatro Santo Antônio, UFBA.
1981 – Peça de teatro “Horácios e Curiáceos”, no Teatro Santo Antônio, UFBA.
1981 – Peça de teatro “Viva o Cordão Encantado”, no Teatro Santo Antônio, UFBA.
1983 – Espetáculo de dança “Didi Wa” (1983), do Grupo Odundê, no ICBA.
1983 – “VIII Mostra do Filme Etnográfico O Homem e a cidade”.
SANTOS, Edsoleda. Exu, Laroyé! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2021.
______. Iemanjá, Odò Iyà!!! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2015, 2021.
______. Nanã, Salubá! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2015.
______. Obaluaê, Atotô! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2015, 2022.
______. Oxum, Ore Yèyó o!!! Lauro de Freitas, BA: SSolisluna Editora, 2012, 2021.
______. Ibejis Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2012.
______. Ogum, Ogum Yêêê! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2021.
______. Oxóssi, Okê! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2023.
______. Oxumaré, Aoboboí!! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2015, 2022.
______. Xangô, kawó kabiyèsi le! Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2015.
SILVEIRA, Renato da. Oxalufã. Ilustração de Edsoleda Santos. Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2010, 2022.
2021 – Criação de vinheta para o portal de abertura do Museu Virtual Casa de Ganho do Grupo Musical As Ganhadeiras de Itapuã, projeto desenvolvido pela Solisluna.
SANTOS, Edsoleda. Entrevista concedida a Lázaro Brandão (artista visual), no quadro A Nota Cultural , do Programa No Paladar com Rita Brandão. TV Kirimurê, 28 jun. 2022.
SANTOS, Edsoleda. “Sábado das Artes na Academia”. Entrevista concedida a Juarez Paraíso e Lia Robatto. Salvador, Academia de Letras da Bahia, 28 ago. 2021.
AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. 40. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996.
MATOS, Matilde Augusta de Matos. Água: Reflexos na Arte da Bahia. Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2012.
SANTOS, Edsoleda Maria Maciel. Onímàle Odô: As lendas de Oxum. 1995, 83 fls. Memorial. Mestrado em Artes Visuais. Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA, 1995.
VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas dos Orixás. 4 ed. Salvador: Corrupio, 2011.
Eletrônicas seguidas dos links:
Bate-papo Arte Ancestral no Espaço Empoderamento - Casa Vale do Dendê, na Festa Arte e Identidade no instagram. Participantes: Valéria Pergentino, Goya Lopes e Edsolêda Santos. Disponível em: https://www.instagram.com/arteeidentidadeoficial/p/Cx4CJaavHIc/?locale=zh-TW Acesso em: 30 out. 2024.
BRITO, Reynivaldo. Edsoleda pinta inspirada na ancestralidade. 3 mai. 2025. Disponível em: https://reynivaldobritoartesvisuais.blogspot.com/2025/05/edsoleda-pinta-inspirada-na.html Acesso em: 4 mai. 2025.
RIBAS, Carlos. Grupo Odundê: um ciclo que abriu espaço na Universidade aos corpos negros que dançam na Bahia. 2 nov. 2022. Disponível em: https://www.edgardigital.ufba.br/?p=25109 Acesso em: 30 jun. 2025.
UNIFESP. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Campus Guarulhos. Projeto Texto e Contexto Unifesp. A poeticidade das Lendas Africanas. Mediação: Iara Faria; convidados: Edsoleda Santos; Kim Guerra (Solisluna). 2h05’59’’02 (Live). Guarulhos, 30 mai. 2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jHbTnvpeo98 Acesso em: 17 out. 2024.
Periódicos:
A TARDE. Edsoleda mostra “Vivências” na Galeria do Complexo Sesc. Salvador, 29 jan. 1988, Cad. 2, p. ?.
A TARDE. Exposição para o encerramento do Curso da EBA. Salvador, 07 jul. 1995. Cad. 1, p. 5.
A TARDE. Onímalé Odó. Exposição: Signos oníricos. Salvador, 01 jul. 1975. Cad. 2. p. 3.
BAHIA Hoje. Exposição, Salvador, 07 jul. 1995, p. 8.
BAHIA Hoje. Salvador, 06 jul. 1995, p. 3.
BORJA, Lídia. Artes Plásticas. Exposições na Bahia. A Tarde. Salvador, 8 out. 1966. Cad. 2, p. ?
BRITO, Reynivaldo. Artes Visuais. Edsoleda cultua Oxum. A Tarde, Salvador, 18 jul. 1995. Cad. 2, p. ?,
CORREIO DA BAHIA. Corta-Luz. Salvador, 07 jul. 1995, p. 2.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Premiados da Bienal desfilam na base do velho “quem é quem”. Salvador, 29 dez. 1966, p. 7.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Selecionados trabalhos baianos para a I Bienal. Salvador, 12 nov. 1966, p. 4.
DIÁRIO Oficial. Artista expõe no Ferrão amanhã “Lendas de Oxum”. Salvador, 07 jul. 1995. Cad. 1, p. 3.
FREIRE, Luiz. Grafismos e Afro-brasilidades. A Tarde. Salvador, 20 nov. 2022. Muito. Olhares, p. 7.
GOMES, Célia. Poesia da Forma Feminina. A Tarde Cultural. Salvador, 25 out. 1992. Cad. 2,Telas & Cores, p. 5.
PARAÍSO, Juarez. Artes Plásticas. Tribuna da Bahia, Salvador, 5 set. 1970, p. 10.
RIBEIRO, Simone. Feitiço óbvio: A Mandrágora. A Tarde. Salvador, 27 mai. 1994. Cad. 2, p. 8.
TRIBUNA DA BAHIA. História em quadrinhos na mostra de Edsolêda. Salvador, 7 mai. 1975, p. 11.
TRIBUNA DA BAHIA. Desenhos de Edsolêda têm impacto espacial. Salvador, 6 fev. 1973, p.?
TRIBUNA DA BAHIA. Salvador, 6 jan. 1973, p.?
Arquivo Pessoal da Artista:
Catálogo da exposição Edsoleda – Desenho, na Galeria Convivium. Salvador, 1965.
Catálogo da exposição Arte na Bahia, na Galeria Convivium. Salvador, 1966.
Texto Trajeto Criativo - Técnicas e poéticas, da autoria de Edsoleda Santos (Não publicado).
Entrevistas:
SANTOS, Edsoleda. Entrevistas concedidas a Suzane Pinho Pêpe. Salvador, 12 out. 2024 e 14 dez. 2024.
Autores(as) do verbete:
Luiz Alberto Ribeiro FreireeSuzane Pinho Pêpe
Data de inclusão:
13/09/2025
D536
Dicionário Manuel Querino de arte na Bahia / Org. Luiz Alberto Ribeiro Freire, Maria Hermínia Oliveira Hernandez. – Salvador: EBA-UFBA, CAHL-UFRB, 2014.
Acesso através de http: www.dicionario.belasartes.ufba.br
ISBN 978-85-8292-018-3
1. Artes – dicionário. 2. Manuel Querino. I. Freire, Luiz Alberto Ribeiro. II. Hernandez, Maria Hermínia Olivera. III. Universidade Federal da Bahia. III. Título
CDU 7.046.3(038)