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Ana Maria Villar
Dmq foto Ana Maria

A trajetória de Ana Maria Villar é dedicada às artes, sendo grande parte de seu tempo voltado ao ensino e à restauração. Estudou, ensinou e dirigiu a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), aposentando-se em 1992. Na pintura, emprega vários materiais e técnicas, tendo preferência pela aquarela sobre papel. Pinta marinhas, a flora e a figura humana; expressa-se através da cor, indo da figuração à quase abstração. Ela tem apurado cada vez mais a sua produção de aquarelas, nas quais pigmentos se diluem em aguadas que emocionam o olhar.

Ana Maria. “Paisagem”. s/d. Óleo s/madeira. (Acervo da artista).
Pintura naturalista associada aos momentos passados pela artista em sua infância e adolescência, junto com a sua família, em Santiago do Iguape, no Recôncavo baiano. A construção do sobrado, que aparece na imagem, data do século XIX (IPAC. V. III, 1983).
Ana Maria. “Árvores”. s.d. Óleo s/madeira. (Acervo da artista).
Além do contato de Ana com a paisagem do Recôncavo da Bahia, serviu-lhe de inspiração a vegetação, repleta de mangueiras, no entorno da casa no bairro de Brotas, em Salvador, na qual morou com sua família.
Ana Maria. “Antúrios”. 1955. Óleo s/madeira. (Acervo da artista).
Na imagem, parecem ser antúrios pintados sem preocupação com detalhes, o que corrobora para reafirmar a identificação da artista (em algumas obras) com o expressionismo.
Ana Maria Villar. Sem Título. 1983. 172 x 142 cm. Foyer da Biblioteca Universitária Reitor Macedo Costa. (Fonte: UFBA. Comissão Permanente de Arquivo).
Essa pintura compõe um painel de 48 artistas egressos e professores, à época, da UFBA. As marinhas de Ana Maria têm relação com as viagens de sua infância de Salvador até Santiago do Iguape, em saveiros, embarcação típica na Baía de Todos os Santos.
Ana Maria Villar. “Lagos Andinos”. 1998. Técnica mista. (Acervo da artista).
A paleta da artista ganha, nesta pintura, um colorido com mesclas de verdes e azuis captados durante viagem aos Lagos Andinos. A luminosidade dos tons de turquesa sensibilizaram claramente a criação do trabalho.
Ana Maria Villar. “Meu mar colorido”. 2012. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
Além de combinar manchas de cores primárias e secundárias, nessa pintura, a artista aproveita o “branco do papel” para compor o céu e emprega a cor preta no primeiro plano, delineando mastros de saveiros e suas sombras.
Ana Maria. “Flores”. 2020. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
No ano de 2020, o uso das cores ganhou mais um sentido na pintura de Ana Maria, ela tinha como objetivo acabar com o clima acinzentado imposto à sociedade pelo vírus da covid-19.
Ana Maria. “Folhas de outono”. 2024. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
A vegetação é outra vez o tema tratado, desta vez, por meio de uma metonímia, recurso de linguagem em que a parte representa o todo, o que a aproxima da abstração, como nesta pintura, em que se sobressaem poucas linhas, manchas e cores.
Ana Maria. “Quente em Vitrais”. 2024. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
Desde 2020, a artista posta, com frequência, seus trabalhos em redes sociais, compartilhando seu sentimento com outras pessoas, que passaram a ter a oportunidade de diariamente visitar uma nova aquarela da pintora.
Ana Maria. “Paisagem”. s/d. Óleo s/madeira. (Acervo da artista).
Pintura naturalista associada aos momentos passados pela artista em sua infância e adolescência, junto com a sua família, em Santiago do Iguape, no Recôncavo baiano. A construção do sobrado, que aparece na imagem, data do século XIX (IPAC. V. III, 1983).
Ana Maria. “Árvores”. s.d. Óleo s/madeira. (Acervo da artista).
Além do contato de Ana com a paisagem do Recôncavo da Bahia, serviu-lhe de inspiração a vegetação, repleta de mangueiras, no entorno da casa no bairro de Brotas, em Salvador, na qual morou com sua família.
Ana Maria. “Antúrios”. 1955. Óleo s/madeira. (Acervo da artista).
Na imagem, parecem ser antúrios pintados sem preocupação com detalhes, o que corrobora para reafirmar a identificação da artista (em algumas obras) com o expressionismo.
Ana Maria Villar. Sem Título. 1983. 172 x 142 cm. Foyer da Biblioteca Universitária Reitor Macedo Costa. (Fonte: UFBA. Comissão Permanente de Arquivo).
Essa pintura compõe um painel de 48 artistas egressos e professores, à época, da UFBA. As marinhas de Ana Maria têm relação com as viagens de sua infância de Salvador até Santiago do Iguape, em saveiros, embarcação típica na Baía de Todos os Santos.
Ana Maria Villar. “Lagos Andinos”. 1998. Técnica mista. (Acervo da artista).
A paleta da artista ganha, nesta pintura, um colorido com mesclas de verdes e azuis captados durante viagem aos Lagos Andinos. A luminosidade dos tons de turquesa sensibilizaram claramente a criação do trabalho.
Ana Maria Villar. “Meu mar colorido”. 2012. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
Além de combinar manchas de cores primárias e secundárias, nessa pintura, a artista aproveita o “branco do papel” para compor o céu e emprega a cor preta no primeiro plano, delineando mastros de saveiros e suas sombras.
Ana Maria. “Flores”. 2020. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
No ano de 2020, o uso das cores ganhou mais um sentido na pintura de Ana Maria, ela tinha como objetivo acabar com o clima acinzentado imposto à sociedade pelo vírus da covid-19.
Ana Maria. “Folhas de outono”. 2024. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
A vegetação é outra vez o tema tratado, desta vez, por meio de uma metonímia, recurso de linguagem em que a parte representa o todo, o que a aproxima da abstração, como nesta pintura, em que se sobressaem poucas linhas, manchas e cores.
Ana Maria. “Quente em Vitrais”. 2024. Aquarela s/ papel. (Foto cedida pela artista).
Desde 2020, a artista posta, com frequência, seus trabalhos em redes sociais, compartilhando seu sentimento com outras pessoas, que passaram a ter a oportunidade de diariamente visitar uma nova aquarela da pintora.
Referências
Bibliográficas:

CASTRO, Katia Maria de Almeida et. al. O valor memorialístico e a contribuição sociocultural do Arquivo do Laboratório Eugênio Veiga. Acervo, Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, maio/ago. 2023.

SILVA, Renato Carvalho da. A Presença Feminina na Conservação e Restauração na Bahia. In:_____. Memória e gênero: atuação feminina na conservação e restauração na Bahia. (Dissertação). Mestrado em Museologia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2015. p. 42-50.

Eletrônicas seguidas de links:

BRITO, Reynivaldo, Ana Maria Villar a protetora a protetora de arte. 25 ago. 2024. Disponível em: https://noticiacapital.com.br/ana-maria-villar-a-protetora-das-obras-de-arte/ Acesso em: 7 mai. 2025.

UFBA. Comissão Permanente de Arquivo. Painéis dos artistas baianos para a Biblioteca Central da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Postado em: 07/06/2016. Disponível em: https://cparq.ufba.br/acervo/paineis-dos-artistas-baianos-para-biblioteca-central-da-universidade-federal-da-bahia-obra-27 Acesso em: 03 jun. 2025.

VILLAR, Ana Maria. Entrevista, no Documentário "Conversando com a Pintura de Alberto Valença", 2022. 6’40’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QROe6p9ylkk Acesso em: 10 mai. 2025.

Arquivísticas:

Arquivo de Ana Maria Villar. Curriculum Resumido, digitado, 2003.

Texto de Carlos Eduardo da Rocha, 1978, cedido pela artista.

Texto de João José Rescala, 1978, cedido pela artista.

Texto de Ivo Vellame, 1978, cedido pela artista.

Entrevistas:

Entrevista de Ana Maria Villar concedida a Girlene Ferreira Santos, via WhatsApp, em 10 set. 2024.

Entrevista de Ana Maria Villar concedida a Suzane Pinho Pêpe, Salvador,18 nov. 2024.

Periódicos (Matérias com as quais colaborou ou que tratam de sua atuação)

A TARDE. Aquarelas, barcos e velas, Salvador, 18 mai.1989.

A TARDE. Cachoeira restaura quadros da Ordem Terceira do Carmo, Salvador, 9 nov. 1996.

A TARDE. Curso que ensina manuseio de obras de arte reuniu 54 alunos de Belas Artes, Salvador, 24 ago. 1990.

A TARDE. Entrelinhas, Salvador, 23 nov. 1997, Cad. 2.

A TARDE. Entrelinhas, Salvador, 25 jul. 1999, Cad. 2.

A TARDE. O papel de restaurar o papel, Salvador, 10 ago. 1989.

A TARDE. Obras de arte centenárias são restauradas, Salvador, 15 abr. 2001, Local, p.7.

A TARDE. Pinceladas, Salvador, 10 jul. 1985.

A TARDE. Preservação para bens culturais, Salvador, 10 nov. 1983.

A TARDE. Recado. Professora luta pelo centro de restauração, Salvador, 2 jul. 1989.

A TARDE. Restauração do acervo artístico da UFBA, Salvador, 24 nov. 1986.

A TARDE. Restauração salva várias obras de arte na Bahia, Salvador, 26 ago. 1984.

A TARDE. Restaurado acervo histórico da Associação Comercial da Bahia, Salvador, 24 jun. 2001.

A TARDE. Restauradores fazem visita à Itaparica, Salvador, 16 dez. 1983.

A TARDE. Restauradas gravuras raras da Universidade Federal da Bahia, 21 set. 1991.

A TARDE. Visuais. Restaurada coleção inglesa. Salvador, 23 mai. 2000, Cad. 3, p. 2.

A TARDE. Visuais. Coleção Inglesa de Feira em Brasília, Salvador, 27 mar. 2001.

BRITO, Reynivaldo. Ana Maria expõe 26 aquarelas. A Tarde, 29 mai. 1989.

CORREIO DA BAHIA. A lenta “agonia” das bibliotecas, Salvador, 1.º abr. 1992.

CORREIO DA BAHIA. Artes Plásticas. Para aprender sobre as belas artes. Salvador, 27 nov. 1997.

CORREIO DA BAHIA. Belas Artes cria um centro de restauração, Salvador, 05 jul. 1985.

CORREIO DA BAHIA. Criação de arquivos públicos beneficia 34 municípios baianos, Salvador, 11 jul. 1997, Interior, p. 4.

CORREIO DA BAHIA. Memória. Ateliê baiano recupera história em Sergipe, Salvador, 24 mai. 1996, p. 7.

CORREIO DA BAHIA. Memória. Ateliê restaura obras de Cachoeira. 22 out. 1996, p. 7.

DIÁRIO OFICIAL. Museu de Arte da Bahia, Salvador, 15 mar. 1983.

GAZETA DA BAHIA. Associação Comercial da Bahia recupera acervo, Salvador, 19 mar. 2001, p. 5.

GAZETA DA BAHIA. Tradição. Relíquia renovada, Salvador, 25 abr. 2001.

JORNAL DA BAHIA. Monumentos. Prevenir para não remediar, Salvador, 10 nov. 1983.

JORNAL DA BAHIA. Não basta guardar o belo, é preciso preservar. Salvador, 11 ago. 1990.

MAGALHÃES, Herbert. Honra ao Mérito. A Tarde, Salvador, 04 jul. 1984, Cad. 2, p. 2.

MAGALHÃES, Herbert. Preservação e conservação da Arte Sacra. A Tarde, Salvador, 30 out. 1985.

MAGALHÃES, Herbert. Técnicas artísticas. Restaurador – Obra de Arte, por Ana Maria Villar Leite augusto da Silva. A Tarde, Salvador, 6 mar. 1985.

MATOS, Matilde. Estímulo à criação. Soterópolis. Jornal da Cultura da Bahia. Salvador, Fev. 2001.

RAMOS, Cleidiana. Obras de arte centenárias são restauradas. A Tarde, Salvador, 15 abr. 2001, p. 7.

RODRIGUES, Edson. Perfil. A guardiã da história da sensibilidade. Correio da Bahia, Salvador, 16 nov. 1994.

SANTOS, Cristina. Cachoeira tem programa para manter monumentos. A Tarde, Municípios, Salvador, 28 abr. 2001.

TRIBUNA DA BAHIA. “Marinhas” traspõe a barreira da realidade. Salvador, 22 mai. 1989, p. 2.

TRIBUNA DA BAHIA. Belas Artes terá acervo restaurado, Salvador, 26 nov. 1984.

TRIPODI, Aldo. Artes Visuais. Ana Maria expões aquarelas. Tribuna da Bahia, 4 jun. 1989, p. 9.

(Anna Maria Villar Leite. Salvador, BA, 23 de abril de 1942).

Retrato:

Imagem extraída do documentário “Conversando com a Pintura de Alberto Valença”.

Formação:

1957 – Graduação em Pintura, pela Universidade da Bahia.

1980 – Especialização em Conservação e Restauro de Bens Culturais – UNESCO/SPHAN/UFBA

Período de atividade:  

Anos 1950 – Atual.

Principais especialidades:

Pintura, Conservação e Restauração.

Outras atividades profissionais:

1954-1979 – Professora de Desenho, Artes e História da Arte em escolas particulares de Salvador.

1975-1992 – Docente da Escola de Belas Artes (UFBA).

1984-1988 – Diretora da Escola de Belas Artes (UFBA).

1992-Atual – Sócia Fundadora da Firma AM Restauro, Salvador – BA.

1997-1998 – Professora da Universidade de Salvador, Salvador – BA.

1998-2000 – Sócia da Escola Caminho das Artes, Salvador – BA.

2003 – Professora da Universidade Católica do Salvador.

Assinatura:

Foto: Recorte de “Lagos Andinos”, pintura datada de 1998.

 

Dados Biográficos:

Anna Maria Villar Leite, cujo nome artístico é Ana Maria, nasceu em Salvador, no dia 23 de abril de 1942. Filha de Adir Alves Leite e Margarida Villar Leite. Fez o curso primário e ginasial no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, conhecido como “Escola Dona Anfrísia”, pelo protagonismo de sua diretora. Formou-se na EBA, graduando-se em Pintura em 1957; na época, não era exigido o ensino médio, assim ela fez o curso científico no Colégio Ypiranga após estudar na EBA. Casou-se e tem um filho e três filhas (Entrevistas, 10 set. e 18 nov. 2024).

Durante a sua formação na EBA, teve como mestres Raymundo Aguiar (1893-1989), Newton Silva (1918-1971), Emídio Magalhães (1909-1990) e Alberto Valença (1890-1983), figurativistas interessados pela luz, o que era reflexo da estética impressionista, que também despertou a sensibilidade de Ana Maria. No caso de Raymundo Aguiar e Alberto Valença, eles foram contemplados com o Prêmio Caminhoá, de bolsa de estudos na Europa, o que lhes possibilitou o contato direto com academias e ateliês fora do país. Ana Maria também estudou na EBA com Maria Célia Amado (1921-1988), que iniciou a renovação do ensino na instituição em 1955.

Acerca de Alberto Valença, ela mencionou, no Documentário sobre esse artista, o quanto ele contribuiu para a sua formação, por se preocupar em transmitir seus conhecimentos e técnicas de forma rigorosa, para que o discente estivesse preparado a buscar a sua expressão pessoal. Ana Maria também estudou na EBA com Maria Célia Amado (1921-1988), que iniciou a renovação do ensino na instituição em 1955. Foi atraída, por sua vez, pelo caráter experimental dos trabalhos plásticos de Adam Finerkaes (1909-1966), músico e artista visual, o que influiu muito em seu processo artístico.

Vocacionada para o ensino, foi professora nos colégios Alberto Valença (1957-1970) e Nossa Senhora do Carmo (1959-1973), como também no Centro Educacional Sophia Costa Pinto (1954-1979). Ministrou aulas de Desenho, História da Arte e Decoração (Entrevistas, 10 set. e 18 nov. 2024).

De volta à EBA em 1975, mediante aprovação em concurso público para professora de Teoria e Técnica da Pintura e de Conservação e Restauro, também deu aula de Restauração da Obra de Arte, substituindo, em 1978, João José Rescala, de quem foi assistente, nessas últimas disciplinas.

Cinco anos mais tarde, abraçou a possibilidade de se especializar em Conservação e Restauro de Bens Culturais – UNESCO/SPHAN/UFBA (Curriculum Vitae), o que foi muito importante tanto para o ensino na EBA – porque contribuiu para a formação de graduandos que vieram a ser profissionais de Restauração –, quanto para a criação de projetos de restauro de seu acervo s anos 1980.

Em 1984, Ana Maria Villar Leite assumiu a direção da EBA, ao lado de Ailton Lima (vice-diretor) (MAGALHÃES, 04 jul. 1984); ela permaneceu diretora até 1988. Juntamente com as professoras Ana Lucia Uchoa e Marlene Cardoso Melo, realizou o trabalho de levantamento e restauro do acervo artístico da EBA. Apesar dos parcos recursos, houve apoio da Reitoria (gestão Germano Tabacof) e da comunidade acadêmica (A TARDE, 26 ago. 1984).

Ela realizou projetos de extensão universitária e criou um Centro de Conservação e Restauração (CORREIO DA BAHIA, 05 jul. 1985), que promoveu cursos ministrados por especialistas, como o de Restauração de Obras de Arte de Papel, lecionado pelo Prof. Anton Rajer (Departamento de Conservação do Texas) (A TARDE, 10 jul. 1985). Proporcionou a prática para além das aulas, além de ter difundido a necessidade da preservação dos bens culturais no meio acadêmico.

Ao findar seu ciclo como professora da EBA em 1992, continuou se dedicando ao ensino em faculdades particulares, Universidade Católica do Salvador e Universidade de Salvador. Quanto à conservação e ao restauro, continuou a ministrar cursos organizados por diversas instituições. Passou a atuar em seu ateliê particular, restaurou  peças de acervos baianos: em Salvador, nos Museus de Arte da Bahia; Carlos Costa Pinto; Náutico da Bahia; e no Instituto Geográfico e Histórico; e em Feira de Santana, no Museu Regional de Feira de Santana (Curriculum Resumido).

Também restaurou, com sua equipe, os azulejos do Convento de São Francisco, Salvador, BA, e os  forros da Nave da Catedral Basílica, Salvador, BA, da Capela Mor da Ordem 3ª do Carmo da Cidade de Cachoeira, BA; da Nave da Igreja de Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro, BA. Ainda, interveio nos Elementos Artísticos na Igreja Nossa Senhora da Assunção, na cidade de Anchieta, ES (SILVA, 2015, p. 43).

Em 2002, a Universidade Católica de Salvador, em parceria com a Arquidiocese de Salvador, convidou Ana Maria Villar para fazer o projeto do Laboratório Eugênio Veiga (LEV), cuja finalidade é conservar e restaurar documentos de papel do Acervo da Cúria de Salvador.

Com amplo e apurado domínio sobre as técnicas artísticas, Villar experimentou pigmentos, media (meios) e suportes como madeira, tela, metal e papel. Os temas abordados por ela são paisagens (com vegetação, flores, marinhas, geralmente com saveiros baianos) e a figura humana, o que foi mostrado em sua Exposição Individual em 1978, na Galeria Cañizares, sobre a qual Ivo Vellame comentou:

Expõe soberbas marinhas, personalizadas por expressivos barcos, magras figuras cujos rostos/máscaras são de uma tristeza e sofrimento imensos e, nas remagens/trepadeiras, onde uma ou outra flor nativa se faz presente num envolvimento barroco, não procure o espectador um toque alegre, o que significa querer muito, porque a arte de Ana Maria não faz concessão à alegria, o que é característico da criatividade em artes plásticas (Trecho de texto de Ivo Vellame, 1978, cedido pela artista).

Carlos Eduardo da Rocha pontuou que Villar “[...] faz pintura a óleo com muito bons resultados, sobretudo em relação à cor e à matéria dos seus quadros [...]” e que ela “[...] mantém uma atmosfera própria com grave expressão na figura humana [...]” (Trecho de texto de Carlos Eduardo da Rocha, 1978, cedido pela artista). A percepção dos críticos Ivo Vellame e de Carlos Eduardo era a de que a figura humana na expressão da artista era sofrida, o que sinalizava a sua empatia com o outro. Já Rescala entendeu que a trajetória de Ana Maria era de busca pela renovação e personalização de seu trabalho; apontou a segurança, a espontaneidade e valores cromáticos de suas pinturas em que aparece a flora e nas últimas aquarelas que ela estava desenvolvendo à essa época (Trecho de texto de João José Rescala, 1978, cedido pela artista). Sobre as aquarelas de Villar, Rocha afirmou:

[...] dominando também outras técnicas, principalmente as de água, ao que nos parece é na aquarela o procedimento em que Ana Maria encontra a sua melhor expressão como invenção e criatividade. Os seus barcos de altos mastros e grandes velas, os nossos saveiros do Recôncavo em formas recriadas estão muito bem construídos com os efeitos fortes e brilhantes de cor e transparência que só a aquarela pode dar com tanta beleza (Trecho de texto de Carlos Eduardo da Rocha, 1978).

De fato, no manuseio constante de diversos tipos de papel e através da experimentação, Ana Maria percebeu que a aquarela sobre papel, cujo veículo é a água, é a que lhe proporcionava melhores efeitos, além do prazer no momento da criação. Cabe aos artistas aproveitar o que as técnicas oferecem e requerem. No caso de Ana, ela aproveita as manchas e a vibração das cores que emprega. Refere-se à aquarela com paixão: “Eu adoro manchas, adoro cor! Apreendi a pintar a aquarela clarinha, cheia de nuances leves, mas não conseguia compreendê-la assim, compreendia a aquarela viva, quente e berrante” (Entrevista, 10 set. 2024).

Reynivaldo Brito escreveu, na ocasião de exposição “Marinhas”, realizada pela artista em 1989, na Casa do Brasil, em Salvador: “Para Ana, as marinhas são a representação da sua vivência desde a infância à idade adulta”. Além disso, o crítico fez alusão à identificação com a arte expressionista, mencionada por ela (BRITO, 19 mai. 1989).

Outra percepção é a de Antônio Neto, que afirmou: “Ana Maria transcende a barreira da imaginação”, na medida em que “transporta o espectador a um labirinto de sonhos e sentimentos” (TRIBUNA DA BAHIA, 22 mai. 1989). O trabalho de Villar se encontra, muitas vezes, com a abstração, parecendo esconder a primeira motivação real e/ou imaginária que a conduziu, ou se entrega apenas às cores, manchas e transparências. Dessa maneira, a figuração se dilui no diálogo entre a tinta e o papel, processo que requer muita habilidade, por não permitir correções.

Em seu caminhar na pintura em aquarela, ela emprega cores vibrantes, movimento e transparência, completa todos os vazios, ressignificando-os ao evocar a natureza, memórias e poesia. E o faz com uma habilidade única, o que certamente conta com a experiência da restauradora.

Além da força de sua expressão pictórica, Villar tem uma carreira dedicada ao ensino das técnicas e do restauro, assim como atua na preservação de testemunhos da rica herança cultural do Brasil. Seu trabalho é amplamente reconhecido por respeitar a integridade histórica e estética das obras de arte e dos documentos.

Mostras individuais:

1978 – Salvador, BA. “Individual”, na Galeria Cañizares.

1989 – Salvador, BA. “Marinhas”, na Casa do Brasil. Apoio: UFBA, Casa do Brasil e Revista Feitiço. Magazine

Participações em salões, bienais e coletivas:

1956 – ? , MG. V Salão Universitário de Arte.

1970 – Salvador, BA. I Salão de Arte e Folclore da Bahia.

1977 – Salvador, BA. Exposição do Centenário da Fundação da EBA, na Galeria Cañizares;

1978 – Salvador, BA. Coletiva Inaugural da Kompasso Galeria de Arte.

1978 – Salvador, BA. I Encontro de Arte da FUMCISA, promovido pela Prefeitura Municipal do Salvador.

1981 – Salvador BA. Exposição no I Congresso Nacional das Cores, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador.

1982 – Aracaju, SE. Salão de Arte José de Dome, na Galeria José Inácio.

1984Salvador, BA. Mulher nas Artes Plásticas, no Shopping Center Iguatemi.

1985 – Salvador, BA. Coletiva, na Panorama Galeria de Arte.

1986 – Salvador, BA. Exposição em Homenagem à Mulher, na Galeria da Câmara Municipal de Salvador.

1986 – Salvador, BA. Exposição comemorativa da Visita do Presidente de Portugal Mário Soares, no Gabinete Português de Leitura.

1987 – Salvador, BA. Exposição Pós-Moderna de Artes Plásticas, no Shopping Piedade.

1988 – Salvador, BA. Mostra Plástica e Literária, de inauguração da Galeria da Câmara, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, na Câmara Municipal do Salvador.

1989 – Salvador, BA. Bicentenário da Revolução Francesa, na Galeria Cañizares.

1997 – Salvador, BA. Exposição na Abertura da Escola Baiana de Artes Plásticas, no Caminho das Árvores.

2001 – Salvador, BA. Coletiva, no Centro de Memória e Cultura dos Correios.

2001 – Salvador, BA. Coletiva, na Oikos Casa de Cultura.

2025 – Exposição Docentes em Pauta 2025, homenagem aos docentes aposentados da EBA/UFBA.

Premiações:

1956 – V Salão Universitário de Arte de Minas Gerais, premiada em 3º lugar, com Medalha de Bronze.

1956 – I Salão Universitário Baiano de Arte Moderna, premiada em 3º lugar.

1982 – Salão de Arte José de Dome, na Galeria José Inácio, recebeu do Governo de Sergipe o Título de Menção Honrosa.

 

 

Referências
Bibliográficas:

CASTRO, Katia Maria de Almeida et. al. O valor memorialístico e a contribuição sociocultural do Arquivo do Laboratório Eugênio Veiga. Acervo, Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, maio/ago. 2023.

SILVA, Renato Carvalho da. A Presença Feminina na Conservação e Restauração na Bahia. In:_____. Memória e gênero: atuação feminina na conservação e restauração na Bahia. (Dissertação). Mestrado em Museologia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2015. p. 42-50.

Eletrônicas seguidas de links:

BRITO, Reynivaldo, Ana Maria Villar a protetora a protetora de arte. 25 ago. 2024. Disponível em: https://noticiacapital.com.br/ana-maria-villar-a-protetora-das-obras-de-arte/ Acesso em: 7 mai. 2025.

UFBA. Comissão Permanente de Arquivo. Painéis dos artistas baianos para a Biblioteca Central da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Postado em: 07/06/2016. Disponível em: https://cparq.ufba.br/acervo/paineis-dos-artistas-baianos-para-biblioteca-central-da-universidade-federal-da-bahia-obra-27 Acesso em: 03 jun. 2025.

VILLAR, Ana Maria. Entrevista, no Documentário "Conversando com a Pintura de Alberto Valença", 2022. 6’40’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QROe6p9ylkk Acesso em: 10 mai. 2025.

Arquivísticas:

Arquivo de Ana Maria Villar. Curriculum Resumido, digitado, 2003.

Texto de Carlos Eduardo da Rocha, 1978, cedido pela artista.

Texto de João José Rescala, 1978, cedido pela artista.

Texto de Ivo Vellame, 1978, cedido pela artista.

Entrevistas:

Entrevista de Ana Maria Villar concedida a Girlene Ferreira Santos, via WhatsApp, em 10 set. 2024.

Entrevista de Ana Maria Villar concedida a Suzane Pinho Pêpe, Salvador,18 nov. 2024.

Periódicos (Matérias com as quais colaborou ou que tratam de sua atuação)

A TARDE. Aquarelas, barcos e velas, Salvador, 18 mai.1989.

A TARDE. Cachoeira restaura quadros da Ordem Terceira do Carmo, Salvador, 9 nov. 1996.

A TARDE. Curso que ensina manuseio de obras de arte reuniu 54 alunos de Belas Artes, Salvador, 24 ago. 1990.

A TARDE. Entrelinhas, Salvador, 23 nov. 1997, Cad. 2.

A TARDE. Entrelinhas, Salvador, 25 jul. 1999, Cad. 2.

A TARDE. O papel de restaurar o papel, Salvador, 10 ago. 1989.

A TARDE. Obras de arte centenárias são restauradas, Salvador, 15 abr. 2001, Local, p.7.

A TARDE. Pinceladas, Salvador, 10 jul. 1985.

A TARDE. Preservação para bens culturais, Salvador, 10 nov. 1983.

A TARDE. Recado. Professora luta pelo centro de restauração, Salvador, 2 jul. 1989.

A TARDE. Restauração do acervo artístico da UFBA, Salvador, 24 nov. 1986.

A TARDE. Restauração salva várias obras de arte na Bahia, Salvador, 26 ago. 1984.

A TARDE. Restaurado acervo histórico da Associação Comercial da Bahia, Salvador, 24 jun. 2001.

A TARDE. Restauradores fazem visita à Itaparica, Salvador, 16 dez. 1983.

A TARDE. Restauradas gravuras raras da Universidade Federal da Bahia, 21 set. 1991.

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Autoria

Autores(as) do verbete:

Girlene Ferreira SantoseSuzane Pinho Pêpe

D536

Dicionário Manuel Querino de arte na Bahia / Org. Luiz Alberto Ribeiro Freire, Maria Hermínia Oliveira Hernandez. – Salvador: EBA-UFBA, CAHL-UFRB, 2014.

Acesso através de http: www.dicionario.belasartes.ufba.br
ISBN 978-85-8292-018-3

1. Artes – dicionário. 2. Manuel Querino. I. Freire, Luiz Alberto Ribeiro. II. Hernandez, Maria Hermínia Olivera. III. Universidade Federal da Bahia. III. Título

CDU 7.046.3(038)

 

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