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Mendonça Filho
Mendonça Filho

  MENDONÇA Filho, Manoel Ignácio (Manoel Ignácio de Mendonça Filho. Salvador, Bahia. Brasil, 20 de março de 1895 – Salvador, Bahia, Brasil, 06 de novembro de 1964)   Retrato: Fonte: Arquivo Histórico da Escola de Belas Artes, UFBA, década de 1950. Autoria não identificada.   Formação: 1915 – Salvador, Bahia. Ingressa na Escola de Belas[...]

“Água de Meninos”, década de 1930. Óleo sobre placa, 70 x 55 cm
Fonte: Catálogo Fundação Museu Carlos Costa Pinto, 1995, p. 20. Coleção Augusto Gentil Baptista\n
“Lavadeiras de Pizzoferrato”. Fundação Museu Carlos Costa Pinto. Foto: Anderson Marinho
“Paisagem de inverno”. Nápoles, outubro de 1924. Fundação Museu Carlos Costa Pinto
Foto: Anderson Marinho
“Mariscada”, 1938. Óleo sobre tela, 125 x 82 cm
Fonte: Catálogo Fundação Museu Carlos Costa Pinto, 1995, p. 6
“Madrugada – Mar Grande”, 1963. Óleo sobre tela, 33 x 42 cm
Acervo do Museu da Cidade do Salvador. Foto: Anderson Marinho
“Pôr do Sol - Forte Santa Maria”. OST, 100 x 80 cm. Década de 1930. Fonte: Acervo do Museu da Cidade do Salvador. Foto: Anderson Marinho, 2012
“Água de Meninos”, década de 1930. Óleo sobre placa, 70 x 55 cm
Fonte: Catálogo Fundação Museu Carlos Costa Pinto, 1995, p. 20. Coleção Augusto Gentil Baptista\n
“Lavadeiras de Pizzoferrato”. Fundação Museu Carlos Costa Pinto. Foto: Anderson Marinho
“Paisagem de inverno”. Nápoles, outubro de 1924. Fundação Museu Carlos Costa Pinto
Foto: Anderson Marinho
“Mariscada”, 1938. Óleo sobre tela, 125 x 82 cm
Fonte: Catálogo Fundação Museu Carlos Costa Pinto, 1995, p. 6
“Madrugada – Mar Grande”, 1963. Óleo sobre tela, 33 x 42 cm
Acervo do Museu da Cidade do Salvador. Foto: Anderson Marinho
“Pôr do Sol - Forte Santa Maria”. OST, 100 x 80 cm. Década de 1930. Fonte: Acervo do Museu da Cidade do Salvador. Foto: Anderson Marinho, 2012
Referências

 

MENDONÇA Filho, Manoel Ignácio (Manoel Ignácio de Mendonça Filho. Salvador, Bahia. Brasil, 20 de março de 1895 – Salvador, Bahia, Brasil, 06 de novembro de 1964)

 

Retrato:
Mendonça Filho

Fonte: Arquivo Histórico da Escola de Belas Artes, UFBA, década de 1950. Autoria não identificada.

 

Formação:

1915 – Salvador, Bahia. Ingressa na Escola de Belas Artes da Bahia.

1918 – Em novembro de 1918, após ter completado o curso básico, Mendonça ingressa no Curso Superior de Pintura, concluindo-o em outubro de 1921[1].

1921 – Salvador, Bahia. Ganha o prêmio Donativo Caminhoá (viagem a Europa) depois de concurso instituído pela EBA.

1922 – Salvador, Bahia. Aos 28 anos embarcou no navio Curvelo nos últimos dias de setembro em direção a Portugal[2]. De Portugal, embarcou no vapor holandês Vênus, passando por Cental e Cádiz, e, no final de 1922, já estava em Nápoles (CALDERON, 1974, p. 3).

1923 – Frequentou inicialmente uma escola para operários e o círculo de Belas Artes (CALDERON, 1974, p. 1).

1930 – Salvador, Bahia. Começa a dar aulas na EBA no curso de Desenho da 3ª série[3].

1931 – Salvador, Bahia. Admitido em 06 de abril de 1931 para “reger interinamente a cadeira de Desenho Figurado e Princípios de Modelo Vivo”, permanecendo até 19 de abril de 1932[4].

1932 – Salvador, Bahia. Assume a cadeira de Desenho Figurado, Ornatos e Elementos de Arquitetura em abril[5].

1944 – Salvador, Bahia.  Em 22.01.1944[6], em virtude do falecimento do Engº Américo Furtado de Simas, assumiu interinamente o cargo de diretor, permanecendo por quase três meses até 08.04.1944[7].

31.05.1946 – Mendonça Filho foi eleito[8] com sete votos a um para representar a escola nas reuniões de estudos para a implantação da Universidade na Bahia. Provavelmente, sua participação nessas reuniões foi tão importante que a congregação acabou por elegê-lo ao cargo de Diretor.

20.12.1947- Mendonça Filho assumiu a direção da Escola de Belas Artes três meses depois da assinatura do documento de doação do solar Jonathas Abbott. Mendonça Filho já era catedrático de Desenho artístico e tinha acabado de ser nomeado professor da Cadeira de Pintura[9].

Segundo certidão emitida em 21 de dezembro de 1961, Mendonça Filho fora reeleito mais quatro vezes. A primeira em 13 de maio de 1949 (tomando posse em 23.05.1949)[10]; a segunda em 13 de novembro de 1952 (publicado no Diário Oficial de 16 de novembro de 1952); a terceira reconduzido por decreto de 20 de setembro de 1955 (publicado em Diário Oficial de 21 de setembro de 1955) e por último reconduzido por Decreto de 14 de novembro de 1958 (publicado no Diário Oficial do mesmo dia), permanecendo até 1961.

A certidão fora solicitada ao diretor em exercício, Sr. Carlos Sepúlveda e foi atestada pela laboratorista, Sra. Elza Tavares de Souza. Carlos Sepúlveda foi nomeado por Decreto em 28 de novembro de 1961 (publicado em Diário Oficial no mesmo dia), segundo esta mesma certidão.

1954 – Passou a Lecionar no Instituto de Preservação e Reforma da Secretaria do Interior e Justiça do Estado da Bahia[11].



[1] Arquivo Histórico da Escola de Belas Artes da UFBA. Classificador 287 – Pasta do Professor Mendonça Filho – Histórico assinado pelo próprio Mendonça.

[2] Embora Calderon não tenha fornecido a data precisa, o Jornal Diário de Notícias, 29.08.1922, p. 01, faz referência a viagem do Príncipe de Bragança ao Brasil. No memorial a Direção, AHEBA, Envelope nº. 08 – 1918 a 1965, Prêmio Caminhoá, 28.07.1922, há referências que a viagem de Mendonça estava marcada para o dia 02.08.1922 no Vapor Caxias.

[3]Id., Classificador 287, pasta do Professor Mendonça Filho, histórico.

[4] Documento, assinado por Francisco da Conceição Menezes, datado de 1º de outubro de 1952, informa que Mendonça foi admitido no dia 06 de abril de 1931 para “reger interinamente a cadeira de Desenho Figurado e Princípios de Modelo Vivo”, permanecendo de 1931 até 19 de abril de 1932 quando, enfim, assume a cadeira.

[5] AHEBA/UFBA. Livro de ATA da Congregação. Atos de empossamento de professores. 1926-1932. p.31.

[6] AHEBA/UFBA. Livro da Ata da Congregação. Atos de Empossamentos de professores. 1926-1950. p.47.

[7] Ibid. p.50.

[8] Ibid. p.65.

[9] AHEBA/UFBA. Livro de Ata da congregação. Atos de empossamento de professores. 1926 – 1950, p.79.

[10] Ibid., p. 95.

[11] AHEBA. Declaração[11] de 02.08.1954 em cumprimento ao parágrafo 1º do art. 20 do Decreto 35.956 deste mesmo ano. Segundo este documento Mendonça Filho trabalhava na EBA das 08:00 às 11:00 hs e das 15:00 às 19:00 hs e no Instituto das 12:00 às 13:00 hs. Este processo foi autorizado pelo reitor Edgard Santos, conforme Diário Oficial.

 

Período de atividade:

Na Europa: 1922 a 1930. No Brasil: 1931 a 1964.

 

Principais especialidades:

Pintor.

 

Outras atividades:

Professor de desenho artístico, diretor da EBA entre 1947 e 1960.

 

Assinatura:
ASSINATURA. QUADRO. MADRUGADA GRANDE

Assinatura extraída do quadro “Madrugada, Mar Grande”, 1963, óleo sobre tela. Acervo do Museu da Cidade do Salvador. Foto: Anderson Marinho da Silva

 

 

Dados biográficos:

Manoel Ignácio de Mendonça Filho, pintor e professor da Escola de Belas Artes da Bahia (EBA). Entre os anos de 1931 e 1964 foi um grande motivador das artes plásticas do nosso Estado. Fez parte de uma geração de artistas baianos que criou escola tanto por suas qualidades pictóricas quanto por sua personalidade forte e decisiva. Sua produção artística desenvolveu-se entre os anos de 1920 e 1964, ano de sua morte.

Sem sombra de dúvidas, o artista elegeu a marinha e o cotidiano dos pescadores, amigos em grande parte, como elementos principais para sua pesquisa luminista, registrando para a posteridade aspectos geográficos e sociais de uma Bahia que não existe mais, engolida pelo desenvolvimento urbano desenfreado e pela especulação imobiliária.

Sua formação artística se deve, em grande parte, a Oséas dos Santos e principalmente a Pasquale de Chirico que vinha de outra corrente da arte, ligada, principalmente, à Academia de Nápoles, com tradição nas pinturas de marinhas e portos, algo com influência dos Macchiaolis e reminiscência da Escola Veneziana. Além de Pasquale de Chirico[1] e seus professores na EBA, soma-se toda a carga de informação adquirida em seus passeios a exposições e museus em sua estadia na Europa. Jornalistas da época comentam que o artista fora influenciado por seguidores da Escola Fortunysta: Antonio Marcini (1852-1930) e,principalmente, de Joaquín Bastida Sorolla (1863-1923), luminista.

Em 1921, Mendonça Filho ganha o Prêmio Donativo Caminhoá de viagem a Europa, apresentando a banca do concurso “um desenho de Academia” e uma pintura histórica com o tema “Labatut perante o Tribunal”, temas escolhidos pela Congregação da Escola.

Embarca nos últimos dias de setembro em direção a Portugal[2] no navio Curvelo (CALDERON, 1974, p.03) sob o comando de Reis Junior[3]. Neste mesmo navio embarcaram o príncipe Pedro de Orleans e Bragança e a princesa Elisabeth, além do escritor Thomas Ribeiro Colaço. De Portugal, embarcou no vapor holandês Vênus, passando por Cental e Cádiz, e, no final de 1922, já estava em Nápoles.

Calderon (1974, p. 1) explica que, quando Mendonça Filho chegou a Nápoles, imperava o luminismo[4] ou fortunismo[5] introduzido por Domenico Morelli (1826–1901), seguidor de Mariano Fortuny (1838–1874).

Nesse ambiente artístico, Mendonça Filho frequentou inicialmente uma escola para operários e o círculo de Belas Artes. Sua pintura forte, vibrante, nervosa e apaixonada, de grandes e espontâneas pinceladas, logo se identificou com os luministas herdeiros da técnica cromática de Fortuny e de Morelli, interessando-se pelo pitoresco e anedótico, como no pequeno, mas excelente “Procissão de Santo Antônio (CALDERON, 1974, p. 1).

Em 1924 Segue para Roma, visita Pozzuoli, o vulcão Solfatara, Bolali, Pompeia e Roma. Em 1925visita Capri, em 1926 Palermo, em 1927 San Agapito Longano, província de Campobasso, onde recebe o seu primeiro prêmio com medalha na Europa. No inverno deste mesmo ano, visita Pizzoferrato e o norte da Itália (Pisa, Florença, Perugia e Veneza).

Em 1928, participa com 11 telas da I Exposição dos artistas centro-americanos, residentes na Itália, entre elas, a obra “Il Vecchio Salvatore” que lhe dá a medalha de ouro. Atualmente esta tela pertence ao acervo do Museu Carlos Costa Pinto, segundo jornal “A Tarde[6]”.

O retorno de Mendonça ao Brasil está vinculado à morte de seu pai[7], o qual o artista era muito ligado. Chegou à Baía de Todos os Santos no dia 20 de janeiro de 1930 a bordo do vapor Belle Islle. Em Salvador, suas telas causaram certo rebuliço e todos queriam ver os seus trabalhos (CALDERON, 1974, p. 1).

Em sua primeira exposição, apresentou suas telas produzidas na Europa e algumas produzidas na Bahia. A inauguração aconteceu no Palacete Catharino, primeiro arranha céu do norte nordeste – Rua Chile, apresentou 61 telas com diversos temas, entre eles: cabeças, nus, lavadeiras, paisagens italianas e marinhas conforme informações de jornais da época. A exposição foi encerrada no dia 06.02.1932[8].

Nas observações de Carlos Chiacchio sobre a exposição de Mendonça Filho, fica evidente que o artista nesse momento não havia adotado um estilo específico, mostrando-se um pesquisador de todos os temas. Retratos, naturezas mortas, paisagens e academias, todos tratados com a mesma maestria.

Quanto a produção de paisagens, o tema que mais lhe agradou foi as marinhas podendo ser enquadradas em três categorias: paisagem histórica, série de barcos encalhados e pintura do cotidiano dos pescadores. Não podemos separá-las por época, pois a produção mistura-se, contudo, podemos entender que, ainda na Europa, a produção de Mendonça Filho concentrava-se nos retratos e em algumas paisagens. Ao retornar à Bahia, passa a trabalhar mais com as marinhas, seja no registro do cotidiano dos pescadores ou nos registros dos barcos encalhados.

Ao que parece, o grande foco das marinhas de Mendonça era representar os efeitos atmosféricos. Ao observar o conjunto de suas marinhas, percebemos o azul profundo do verão e os céus crepusculares do outono. Em alguns momentos, o céu apresenta cores que nós, baianos, presenciamos entre os meses de maio e junho, ao descortinar os belvederes de Salvador, dos Aflitos à Praça Municipal, no Santo Antônio ou em Humaitá.

Embora esse pensamento persista em muitos trabalhos de Mendonça, há também aquelas obras em que os recifes estão todos livres das águas, como na tela “Duro Mar” e “Mar Grande”, sendo esta última oferecida em 1943 a Diógenes Rebouças[9]. Estes dois exemplos valorizam as texturas criadas pelas rochas apresentadas na maré vazia. A maré sempre será levada em consideração pelo artista que deveria acompanhá-las de perto para poder aproveitar por mais tempo a maré vazia para poder pintar.

Outro tema recorrente dentro das suas marinhas são composições em que aparecem pequenos barcos, ao longe, na vastidão do mar, pontos que prenunciam a chegada de algum grupo de pescadores, quebrando o silêncio da pintura. É o caso da pintura intitulada “Marinha – Amanhecer” do MAB.

Informações apontam que o artista viajou para o sul da Bahia em março de 1932[10], permanecendo durante quatro meses no sul da Bahia, primeiro em Piabanha (Atual Itabaiana), na fazenda de seu amigo, o fazendeiro Américo Fascio, em seguida em Itapira (atual Ubaitaba).

O jornalista José F. Oliveira[11], indica que Mendonça produziu nesta temporada as telas “Pôr do Sol”, “Sombra e luz”, “Queimada”, “Alvorada na mata”, “Casa abandonada”, “Espinheira em flor”, “Flor de São João”, “Casa da Roça”, “Boi de arrasto”, “Barra do Oricó”, “Taboquinha” e “Acampamento de ciganos”, entre outras.

As pinturas desenvolvidas pelo artista, neste período, mudam completamente e passa a apresentar cores mais próximas a nossa realidade, com muitos verdes e aquela alegria típica das paisagens baianas.

Em 1933 passa a se relacionar com uma de suas alunas com quem se casaria em 12.12.1935[12]. A família de Regina Cavalcanti possuía residência na Ilha de Itaparica e daquele momento em diante o pintor passou a frequentar o local de onde retirou inspiração para muitos de seus quadros.

Em 28.11.1936 Mendonça participou da criação da Ala das Letras e das Artes. Em uma reunião no Salão nobre da Escola de Belas Artes, foram lidas e assinadas cartas, justificativas e comissões que criariam a agremiação. Seu idealizador foi o poeta e escritor Carlos Chiacchio.

A partir da reunião que aconteceu no Salão Nobre da Escola de Belas Artes, em 1936, foram criadas comissões que levariam a frente os ideais do grupo, ficando instituído um conselho normativo composto por Presciliano Silva (exposições); Raymundo Patury (audição); Mendonça Filho (movimento social e artístico); Hélio Simões (seleção e cultura); Roberto Correia (educação e civismo). No capítulo XVI das comissões de cultura, que tratava das “afirmações, gêneros e tendências”, ficaram responsáveis: Presciliano Silva – Interiorismo; Mendonça Filho – Impressionismo; Robespierre de Farias – Pintura de gênero; Emídio Magalhães – Pintura regionalista; Alfredo Araujo – Pintura de costumes; Raymundo Aguiar – Pintura humorística.

Os Salões de ALA figuravam como um espaço importante para os artistas baianos, inclusive movimentando o mercado de arte e dando oportunidade a artistas novos. Mendonça Filho, além de fazer parte do conselho normativo, participou de todas as edições do Salão de ALA.

O primeiro foi instalado na EBA e os subsequentes na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, sempre na primavera. O Jornal “O Imparcial[13]” publicou artigo sobre o papel dessa agremiação na difusão e incentivos às artes na Bahia, pelo constante numero de edições desde a fundação em 1936 e pela criatividade dos mesmos, além do papel do Salão anual nas “verdadeiras revelações do movimento artístico, sempre com o apoio do publico, do Imparcial, figuras graduadas do governo e Órgãos da imprensa local e do País”. Segundo a Justificativa da ALA[14] lida no Salão nobre, Carlos Chiacchio apresentou: “eu penso que as letras, as artes e as ciências podem ser chamadas a desempenhar um papel de alguma importância no fortalecimento da unidade brasileira [...]” entre outras coisas, “[...] a falta de humanidade que invadiu o mundo”.

Marieta Alves (1976 p.115) comentou sobre a dificuldade de apresentar uma relação completa das atividades pictóricas de Mendonça Filho. A partir dessas informações, realizei uma busca em jornais públicos baianos, com a esperança de desvendar parte dessas obras expostas nos salões de ALA.

Salão de ALA de 1937 – Mendonça participou com dezessete telas[15], entre elas “Fim de seneimoda”, “Margens do gongugy”, “Mar crespo”, “Espinheira em flor”.

Salão de ALA de 1938 -Mendonça Filho apresentou 26 telas, destas encontramos comentários sobre as obras “Mariscada”, “Bordejo pela manhã”, “Primeiras luzes” e “Serenidade”, “Velho portão”, “Alvorecer”, “Primeira luzes”, “Farol de Itapoan”, “Velho estaleiro de Itapagipe”[16]. Constava também desta exposição à tela “Cabeça de velho[17]”, “Barcos em repouso[18]”, “Alvorecer[19]”, “Velho portão ao pôr do sol” e “Velho Mazet[20]”.

Salão de ALA de 1939 – Mendonça participou com as telas[21] “Cabeça de velho 1”,”Cabeça de Velho 2” “Velho Constantino”, A colcha de sêda”, “Manhá na foz do Jaguaripe”, “Anoitecer na foz do Jaguaripe”, Foz do jaguaripe”, “Estacas Mar Grande”, “Barco encalhado – Mar Grande”, “Mar grosso – Barra”,  “Casebres”, “Coqueiros do farol”, “Sombra e luz – Mar grande”, “Maré cheia” – “Mar Grande”, “Barcos na areia” – Mar Grande”, “Vesperal – Ponta de S. Antonio em Mar Grande”, Barcos na Areia – Mar Grande”, “Crepúsculo – Barra”, “Por do Sol no Fore de S. Maria”, “Dunas – Boca do rio”, “Casario – Gamboa”, “Estaleiro da Gamboa – “Mar Grande”, “ “Barcos abandonados – Itapagipe”, “Caieiras em ruínas – Mar Grande”, “Boca do Rio”, “Entardecer – Boca do rio”, “Sala do Capítulo – Convento de são Francisco”.

1940 – Pelo menos uma tela de Mendonça pode ter figurado nessa mostra, “Saveiro na praia”. Nessa exposição inaugurada em 21 de setembro de 1940, alguns trabalhos apresentados foram desenvolvidos dentro as excursões planejadas por Mendonça Filho e Diógenes Rebouças[22]. O jornal de ALA publicado ao final deste ano apresentava em destaque a tela “Praia de Gamboa” de Raimundo Aguiar que tem composição parecida com a tela “Saveiro na praia” de Mendonça Filho (FMCCP, 1955, p. 22), só que de outro ângulo.

Salão de ALA de 1941 – Mendonça Filho participou com 17 telas[23], entre elas “pescador Juvêncio[24]”. No jornal “O Imparcial[25]”, encontramos referência sobre mais duas telas de Mendonça Filho: “Casa de Subemba” e “Maré vazia”.

Salão de ALA de 1942 – Alves (1976 p.115) informa que Mendonça Filho apresentou 11 telas, entre elas “Barco abandonado”, “Bordejando”, “Maré vazia”, “Contra luz” (cenários de mar grande). “Madrugada e entardecer”, além da tela “Manhã de inverno[26]”.

Salão de ALA de 1943 – Embora jornais de grande circulação comentassem sobre as “telas primorosas de Presciliano Silva, Mendonça Filho, Valença, Aguiar, Oséas Santos e artistas outros de mérito indiscutíveis”[27], não consegui identificar nenhuma obra.

Salão de ALA de 1944 – Mendonça Filho participou com as telas “Autorretrato”, “Chegada do Calão” (Baiacú), “Marinha”, duas telas com o título “Esperando o peixe” (Baiacú), “Chegando o peixe” (Baiacú), “Igreja de Nossa Senhora de Vera Cruz”, “Paisagem”, “Pescando” (Mar Grande), “Viajando”, “Para o Mar Grande”, “Dia de verão” (Mar Grande), “Maré de enchente”, “Maré vazia”, “Consertando o barco”, e “Empurrando a canoa”[28]. Nesse salão, Mendonça Filho apresentou a tela “Foz do Jaguaripe” com outro título, “Sombra de coqueiro”, segundo o Jornal de ALA, (Setembro de 1944, p.17).

Salão de ALA de 1945 – Poucos comentários foram encontrados. Os jornais traziam muitas informações sobre a 2ª Guerra mundial, fato de maior importância, contudo o salão ocorreu como nos anos anteriores. Não encontramos relatos sobre as obras apresentadas por Mendonça Filho.

Salão de ALA de 1946 – A inauguração deste salão contou com alguns trabalhos de Mendonça Filho: “Volta da pesca”, “Consertando a rede”, “Barco encalhado”, “Contra luz” (ALVES, 1976, p.115).

Salão de ALA de 1947 – Sem informações sobre as obras expostas nesse salão.

Salão de ALA, em 1948 – Este foi o último salão e o segundo sem a presença de Carlos Chiacchio, “aconteceu com a mesma vibração e o mesmo entusiasmo dos anos anteriores”, segundo o jornal “A Tarde”[29].

Infelizmente, com a morte de Carlos Chiacchio o grupo não conseguiu dar continuidade aos jornais de Ala e quanto aos salões, não mais aconteceram.

Se por um lado, havia a exaltação dos artistas ligados à arte acadêmica realista, por outro, favoreceu e fomentou toda a discussão intelectual sobre as artes plásticas, patrimônio, literatura, poesia e ciências aplicadas, estando inteiramente inseridos em um ideário modernista pela valorização do nacional. O grupo que fundou a ALA lutou pelas artes baianas e pela cultura brasileira. Foi um farol a iluminar os olhos vedados de uma comunidade adormecida.

Nos Salões Baianos de Belas Artes, Mendonça Filho participou compondo o júri (Divisão Geral) ao lado de Presciliano Silva e Raul Deveza. No terceiro Salão o artista participou como Jurado ao lado de Alberto Valença e Alfredo Olliani (VALLADARES, 1956, p.146). Chegou ainda a apresentar algumas obras no salão de 1956, segundo Valladares (1956, p.173).

No final da década de 1940 a produção artística de Mendonça Filho foi de certa maneira sufocada por outras atribuições. Ao assumir o cargo de Diretor da Escola de Belas Artes, sua produção cai consideravelmente. Isto a EBA deve a esse artista, pois foi sob seu incansável olhar e comando que a escola recebeu notoriedade, principalmente junto a Universidade da Bahia.

Em 1944, teve início a sua jornada a frente da Escola de Belas Artes, pois em 22.01.1944[30], em virtude do falecimento do Engº Américo Furtado de Simas, teve que assumir interinamente o cargo de diretor, permanecendo por quase três meses até 08.04.1944[31] quando a congregação elegeu Leopoldo Amaral para completar o mandato de Américo Simas que havia falecido, permanecendo, até o final do período e reassumindo em 22.05.1945 mais um mandato (1945-1949)[32], não chegando a terminá-lo.

Em 31.05.1946, no salão nobre do solar Jonathas Abbott, a congregação da EBA se reuniu na presença do Vice-reitor da Universidade do Brasil, Sr. Pedro Calmon e do diretor da EBA Sr. Leopoldo Amaral, para escolher um professor que pudesse representar a escola nas reuniões de estudos para a implantação da Universidade na Bahia. Mendonça Filho foi eleito[33] com sete votos a um.

A Universidade da Bahia foi instalada solenemente em 02.07.1946 junto com as comemorações da independência da Bahia. Nesta ocasião o Ministro da Educação, antes da inauguração, visitou todas as unidades integrantes da Universidade da Bahia inclusive a Escola de Belas Artes. Embora a EBA estivesse nos planos para fazer parte da Universidade, a mesma não pode ser incluída no decreto 9.155.

Mendonça Filho lamentava “as portas da Universidade da Bahia, aguardamos nos seja legado o edifício que sempre foi nosso, para preenchida essa exigência legal – ser a Escola definitivamente incorporada[34]

Em 1947, com o Decreto-Lei nº. 13.701[35], assinado no dia 26 e publicado no dia 30.09.1947, O governador Otávio Mangabeira[36]doou o prédio a EBA com a cláusula de que continuasse a funcionar em suas dependências a Escola Antonio Bahia até que fosse encontrado algum local mais adequado. Além dessa lei, encontramos outra de 12.08.1948 (Lei nº. 84) e a sua publicação no Diário Oficial do Estado da Bahia (nº. 1850 – 06.03.1949). A doação do solar Abbott só ocorreu definitivamente em 06.03.1949, contudo, como a EBA só poderia ser incluída na Universidade da Bahia quando o solar fosse incluído no patrimônio da Escola, podemos propor que o Governo Federal levou em consideração o primeiro Decreto-Lei, de 1947.

Com a doação a Escola procurou o Conselho Universitário e passou todas as informações sobre a instituição como corpo docente, planos de obras e equipamentos mais urgentes além de uma visão geral do histórico e patrimônio da Escola. Este histórico sobre a EBA ficou sob a responsabilidade de Otávio Torres que deixou-nos um importante histórico da nossa escola, além de síntese biográfica dos nossos professores.

A incorporação foi decidida pelo Conselho Universitário em sessão no dia 21.11.1947 e incorporada em 09 de dezembro de 1947. A Ata de Congregação do dia 04.06.1946 relacionava o quadro de professores e disciplinas que permaneceriam após o ingresso da Escola na Universidade da Bahia.

A entrada da Escola de Belas Artes na Universidade da Bahia foi realmente uma luta a parte, e sem a perseverança do corpo docente e do apoio dos políticos baianos nunca haveria ocorrido. Provavelmente, a participação de Mendonça Filho para a incorporação da EBA na Universidade foi tão importante que a Congregação acabou por elegê-lo ao cargo de Diretor.

O primeiro mandato de Mendonça Filho como Diretor da Escola de Belas Artes aconteceu quase três meses depois, em 20.12.1947, da assinatura do documento de doação do solar Jonathas Abbott, por Otávio Mangabeira que aconteceu dia 26 de setembro. Mendonça Filho já era catedrático de Desenho artístico e tinha acabado de ser nomeado professor da Cadeira de Pintura[37].

Segundo certidão emitida em 21 de dezembro de 1961, Mendonça Filho fora reeleito mais quatro vezes. A primeira em 13 de maio de 1949 (tomando posse em 23.05.1949)[38]; a segunda em 13 de novembro de 1952 (publicado no Diário Oficial de 16 de novembro de 1952); a terceira reconduzido por decreto de 20 de setembro de 1955 (publicado em Diário Oficial de 21 de setembro de 1955) e por último reconduzido por Decreto de 14 de novembro de 1958 (publicado no Diário Oficial do mesmo dia). Esta certidão fora solicitada ao diretor em exercício, Sr. Carlos Sepúlveda e foi atestada pela laboratorista, Sra. Elza Tavares de Souza. Carlos Sepúlveda foi nomeado por Decreto em 28 de novembro de 1961 (publicado em Diário Oficial no mesmo dia), segundo esta mesma certidão.

Seu prestígio junto ao corpo docente e ao reitor da Universidade da Bahia, Prof. Edgard Santos, trouxe dignidade, ampliando as metas da escola e trazendo novos desígnios para a arte Baiana. Uma de suas primeiras conquistas como diretor foi o reconhecimento do curso de Arquitetura, luta esta que se iniciou desde 1943, quando os outros cursos da escola foram reconhecidos e o de arquitetura não, porém, o próprio Mendonça Filho (1954-1955. p.14) comenta que o Deputado baiano Rui Santos, o mesmo que validou os diplomas dos arquitetos formados pela EBA em 1929, dando direito a assinarem projetos, conduziu a escola, utilizando seu prestígio, cedendo todas as informações necessárias para alcançar o reconhecimento para o curso de arquitetura. Mendonça Filho então escreveu para Juracy Magalhães, Deputado Federal, que já acompanhava a escola desde 1930. Juracy Magalhães então conseguiu o feito. Através da ementa nº. 21, da Câmara Federal, pelo Senador Santos Neves, resolvendo a situação do curso de Arquitetura.

O Deputado Juracy Magalhães, um pouco depois em 1950, solicitou a inclusão da EBA e da Faculdade de Economia na Lei de Federalização[39], segundo consta no Diário Oficial do Congresso. Art.03, inciso II, nº.21 p.5443, federalização esta, que se deu através do Decreto Lei nº. 1.245 de 04.12.1950.

A década de 1950 com a federalização foi de várias conquistas para a EBA. Nos quatro primeiros anos todo o solar Abbott foi reformado. Estas reformas modificaram toda a estrutura interna do Solar Abbott. Sobre as obras o relatório de atividades do ano de 1954 informou que neste ano “concluíram-se as obras e instalações no edifício principal, sob a fiscalização de Walter Velloso Gordilho e Diógenes Rebouças”, além de instalarem uma central telefônica, fato merecedor de figurar nos relatórios anuais[40].

A Lei nº. 1.245 federalizou todos os estabelecimentos de ensino integrados, no período, às Universidades do Brasil: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Recife, Bahia, Paraná e Rio Grande do sul. No artigo 3º desta lei, no inciso 2º é indicado que a Escola de Belas Artes iria oportunamente, promover o desmembramento do curso de Arquitetura para que fosse constituída a Faculdade de Arquitetura como unidade distinta. Edgard Santos explicou em um jornal[41] que para enquadrar o curso de Arquitetura na lei, [...] fazia-se necessário o reconhecimento do orgão técnico, no caso o Conselho Superior de Educação. Maria Ivete Oliveira (1971, p.16) para o catálogo geral da UBA comenta que somente em 1960 o curso de Arquitetura conseguiu ser desanexado da EBA.

A posição de Mendonça Filho para com essa separação era totalmente de repúdio. A família conta que o mesmo conversava muito sobre o tema e sempre se manifestava contrario alegando que em qualquer Universidade do Mundo; nos melhores Campos universitários; nos mais bonitos, arquitetura e as artes sempre andaram juntas.

A professora Selma Ludwig (1977, p. 05) inicia seu livro com uma citação de Mendonça Filho: “Esta escola se não representa a ideal no ensino das artes, está, de fato, na vanguarda. E o ideal é inatingível porque além do muito que fizemos ou fazemos, sempre existirá um muito mais a ser conseguido”.

A Bahia iniciou as discussões sobre as proposta modernistas a partir da exposição organizada por Manoel Martins com obras dos principais artistas modernos atuantes no Brasil, entre os quais: Segall, Gomide, Quirino da Silva, Lucy, Tarsila do Amaral, Rebolo, Volpi, Oswaldo Andrade, Walter Levy, Augusto Rodrigues, Clóvis Graciliano, Flávio de Carvalho, Pancetti, Portinari, Cícero Dias, Di Cavalcante e Scliar (COELHO, 1973, p. 11).

Depois dessa mostra, Coelho (1973, p. 16) indica a exposição desenvolvida por Carlos Bastos e Mário Cravo Júnior em 1947 (ACBEU), “a primeira exposição de caráter revolucionário cuja repercussão abalou os alicerces da arte tradicional [...]”.

Mesmo com os movimentos literários de vanguarda como os grupos Távola, Arco e Flecha e a Academia dos Rebeldes, a crítica baiana era muito reacionária. Ludwig (1977, p. 07) explica que “o ensino continuava preso ao tradicionalismo, às pessoas desejosas de formação continuada iam para o exterior, como fizeram Carlos Bastos, Genaro de Carvalho e Mario Cravo”.

A renovação das artes baianas impuseram á escola modificações no ensino, pois o mesmo se mantinha tradicional. Essas mudanças visavam principalmente à introdução de novas técnicas: “a escola de Belas Artes não podia fugir às exigências do ambiente e prometeu ampliação do seu quadro docente” (LUDWIG, 1977, p. 09).

A atuação do diretor Manoel Ignácio de Mendonça Filho sempre foi destacada, principalmente “pelo caráter inovador na escolha de novos professores, e pela manutenção do ambiente harmônico, quando se processavam mudanças radicais no ensino (LUDWIG, 1977, p. 09)”.

Do Rio de Janeiro foram trazidos os seguintes professores: Fernando Leal (Teoria da arquitetura), José Bina Fonyat Filho (Teoria e filosofia da arquitetura no Brasil) e João José Rescala (Teoria da conservação e restauração da pintura),(LUDWIG, 1977, p. 10).

Para as disciplinas de pintura foram contratados os Professores Emídio Magalhães e Adam Firnekaes (Pintura 1958-1961), este último por indicação do Professor Juarez Paraíso. Para a cadeira de Estética, o Professor Romano Galeffi, e para Estudos Brasileiros o Professor Cid Teixeira. Paraíso (1977, p. 10) afirmou: “[...] Mendonça Filho era um líder nato. Era o suporte moral e cultural dos seus amigos e colegas. Como diretor, teve a capacidade de compreender os novos rumos pelos quais a escola iria se orientar”.

Prova disso foi o convite feito em 1954 a Henrique Oswald[42] no Rio de Janeiro. Mestre da xilogravura, da água-forte e da água-tinta. No final da década de 1950 e início de 1960 influenciou a todos os artistas da escola deixando uma legião de discípulos[43].

Paraíso (1997, p.12) nos informa que em 1953 “[...] Mendonça Filho propiciou o ingresso dos primeiros arquitetos e artistas modernos da Bahia entre eles, Diógenes Rebouças, Bina Fonyat, Hélio Duarte, Lina Bo Bardi [...]”.

As transformações pedagógicas ocorridas durante as décadas de 1950 e 1960 trouxeram importantes mudanças para o cenário artístico baiano, quebrando barreiras, experimentando novas abordagens artísticas e metodológicas, refletindo em toda produção da segunda metade do século XX. Essa efervescência cultural nunca antes vista na Bahia era reflexo de um momento crucial de nossa história. Desde a criação da Universidade da Bahia, o fomento a cultura e o avanço científico e tecnológico favorecia a quebra de antigas barreiras.

Analisando os arquivos e livros de Atas da EBA / UFBA, percebemos que durante a década de 1950 todas as disciplinas sofreram de uma forma ou de outra, alterações em suas metodologias.

Américo Simas[44] escreveu: É de mais inteira justiça realçar o esforço, o amor, a abnegação, em uma palavra, a devoção que o Professor Mendonça Filho, antigo e dileto aluno e hoje dinâmico Diretor vem imprimindo as atividades desta casa.

Em 1954, Mendonça Filho acumulou várias funções na EBA. Além de diretor e professor de Desenho na Escola, ele lecionava no Instituto de Preservação e Reforma da Secretaria do Interior e Justiça do Estado da Bahia[45].

Durante toda a década de 1950 professores e alunos acompanharam as transformações da Escola. Para Mendonça Filho foi um momento de desgaste físico e mental. Quando deixa a diretoria da EBA, em 1961, o artista já estava doente e cansado. É desse período que surgiram as telas sobre as montanhas de Milagres, desenvolvidas em Itabuna, onde o artista estava tentando se restabelecer.

Em 1964 os afastamentos para tratamento ficaram frequentes, contudo mesmo doente, continuava contribuindo com a Escola. Os meses de outubro e novembro foram os mais graves conforme atestados 648 de 18.09 e 755 de 18.10[46] que afastou o artista nos últimos três meses de sua vida.

Em 06.11.1964 Mendonça faleceu, no mesmo dia que Anita Malfati[47]. Seu sepultamento ocorreu no cemitério do Campo Santo às 16 hs, com a presença de amigos e admiradores, além do corpo docente e alunos da Escola de Belas Artes.

 

 


[1]Segundo Torres (1953, p. 209), Pasquali De Chirico veio de São Paulo em 1907, convidado pelo engenheiro Teodoro Sampaio para fazer as esculturas em cimento “que cercam a rotunda do Anfiteatro Alfredo Brito”. Esta obra fazia parte da reconstrução da ala nova da Faculdade de Medicina que havia sido consumida por um incêndio em 02 de março de 1905.

[2] Embora Calderon não tenha fornecido a data precisa, o Jornal Diário de Notícias, 29.08.1922, p. 01, faz referência a viagem do Príncipe de Bragança ao Brasil. No memorial a Direção, AHEBA, Envelope nº. 08 – 1918 a 1965, Prêmio Caminhoá, 28.07.1922, há referências que a viagem de Mendonça estava marcada para o dia 02.08.1922 no Vapor Caxias.

[3] Diário de Notícias (29.08.1922, p. 01).

[4] Segundo Chilvers (1996 p. 318), o luminismo é uma técnica de pintar em que são realçados a luz e seus efeitos. O termo foi cunhado em 1954 por John Baur, diretor do Whitney Museu de NY, para descrever aspectos da pintura de paisagem norte-americana de meados do Século XIX, em que era essencial o cuidadoso estudo da luz.

[5] Influenciada por Mariano Fortuny Marsal (1838-1874), pintor espanhol que trabalhou principalmente em Roma. Obteve enorme êxito com suas pinturas, frequentemente ambientadas no século XVIII. As obras primam pelo brilho das cores e pelo bom trabalho de pincel. Sua superficialidade foi atacada por muitos artistas que sem dúvida invejavam os altos preços que arrebatavam no mercado. Chilvers (1996, p.197-198).

[6] A Tarde (14.05.1928, p. 01).

[7] Em 13 de fevereiro de 1928 seu pai faleceu aos 76 anos de idade com insuficiência cardíaca[7], e foi sepultado no cemitério do Campo Santo, deixando 04 filhos: Manoel Ignácio de Mendonça Filho, Antonio Ignácio de Mendonça, José Ignácio de Mendonça e João Ignácio de Mendonça, segundo Calderon (1974, p. 01).

[8] Diário de Notícias (02.02.1932, p. 01).

[9] Catálogo Roberto Alban, 2002, p.07.

[10]Jornal da Bahia (28.12.1974, p. 01).

[11] Ibid.

[12]Jornal da Bahia (28.12.1974, p. 01).

[13] Id. (20.09.1941, p. 05).

[14] Esse texto foi encadernado e se encontra na biblioteca da Escola de Belas Artes sem maiores referências.

[15] Diário da Bahia (15.04.1937, p.02).

[16]O Imparcial (30.10.1938, p.04).

[17] Id. (15.08.1938, p.05).

[18] Id. (24.10.1938, p.04).

[19] Id. (12.12.1938, p.04).

[20] Id. (17.10.1938, p.04).

[21] O Imparcial (27.09.1939, p.1).

[22] Id. (11.09.1940, p. 05).

[23] Id. (28.09.1941, p.10).

[24]Id. (05.09.1941, p. 06).

[25]Id. (03.09.1941, p.07).

[26] Id. (09.10.1942, p.09).

[27] O Imparcial (22.09.1943 p.01).

[28] Suplemento dominical do Jornal “Diário da Bahia” (01.10.1944, p.03).

[29] A Tarde (21.09.1948, p. 01).

[30] AHEBA/UFBA. Livro da Ata da Congregação. Atos de Empossamentos de professores. 1926-1950. p.47.

[31] Ibid. p.50.

[32] Ibid. p.53.

[33] Ibid. p.65.

[34] Id. (21.09.1947, p. 03).

[35] AHEBA/UFBA. Envelope 298. Classificador do professor Cid Teixeira. Transcrição da ATA da Congregação do dia 23.10.1947.

[36] Octávio Mangabeira foi o 27º Governador do Estado da Bahia entre 10.04.1947 e 31.01.1951. Diplomado pela Politécnica da Bahia era catedrático de astronomia segundo a Cartilha Histórica da Bahia. Organizada por Ângelo Bandeira de Mello, Guidovaldo Monteiro, José Calmon e Arthur D’Almeida Couto. Salvador. 1969, p.46.

[37] AHEBA/UFBA. Livro de Ata da congregação. Atos de empossamento de professores. 1926 – 1950, p.79.

[38] Ibid., p. 95.

[39] AHEBA/UFBA. Envelope 133. Classificador nº.08. (Xerox de jornais).

[40]Arquivos da UBA – EBA Vol.II. 1954-1955, p.392.

[41] Id. (20.12.1950, p. 03).

[42]Foi nomeado após concurso como docente livre da cadeira de Gravura de talho doce, água forte e xilografia, de acordo com a resolução da congregação do dia 22.06.1955, segundo Portaria nº. 06 – 08.07.1955, p.36 verso.

[43] Juarez Paraíso em entrevista a Revista da Bahia, Funceb. Disponível em: http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/04/revista%20da%20bahia/Artes%20Plasticas/entre.htm

[44]Arquivos da UBA EBA Vol.II. 1954-1955, p.332.

[45] AHEBA/UFBA – Caixa 222. Envelope de documentos pessoais do Professor Mendonça Filho.

[46] AHEBA/UFBA. Envelope 222.

[47] Estado da Bahia (06.11.1964, p.03).

 

Mostras individuais:

08.01.1932 – Exposição

16.09.1947 – II Exposição individual (Galeria Itá, Rua Barão de Itapetininga nº. 70), segundo Folha da Manhã, de 19.09.1947, p. 06.

 

Mostras individuais póstumas

1966 – Galeria Cañizares. Exposição Comemorativa aos 20 anos da criação da Universidade da Bahia.

1995 – Centenário do nascimento do pintor Mendonça Filho. Fundação Museu Carlos Costa Pinto.

 

Participações em Salões, Bienais e coletivas:

1927 – Segundo Calderon[1] o artista visita San Agapito Longano, província de Campobasso, e participa de um Salão recebendo o seu primeiro prêmio com medalha na Europa.

1928 – Participa com 11 telas da I Exposição dos artistas centro-americanos, residentes na Itália, entre elas, a obra “Il Vecchio Salvatore” que lhe dá a medalha de ouro. Atualmente esta tela pertence ao acervo do Museu Carlos Costa Pinto, segundo jornal “A Tarde[2]”.

Entre 1937 e 1948 – Mendonça Filho participou de todas as edições do salão de ALA.

1947 – Segundo Calderon[3], Mendonça Filho recebe a medalha de prata no Salão de Belas   Artes de São Paulo com a tela “Pescador Juvêncio”.

1948 – Recebe a medalha de prata no Salão de Belas Artes de São Paulo com a tela “Pescador Juvêncio”.

 

Participações póstumas em Salões, Bienais e coletivas:

Não consta.

 

Premiações:

1922 – Prêmio de viagem a Europa Donativo Caminhoá.

1928 – medalha de ouro – I Exposição dos artistas centro-americanos, residentes na Itália[4].

1938 – Eleito por voto popular a melhor obra do Salão de Ala.

1947 – Recebe a medalha de prata no Salão de Belas Artes de São Paulo com a tela “Pescador Juvêncio”.

 

Títulos:

Professor Emérito da UFBA.

Membro da Academia Brasileira de Belas Artes em 20.04.1951, ocupando a cadeira nº 20, patronímica de José Maria de Medeiros.

 

Participação em concorrências:

Não consta.



[1] Jornal da Bahia (28/11/1974, p.03).

[2] A Tarde (14.05.1928, p. 01).

[3] Jornal da Bahia (28.11.1974, p.03).

[4] A Tarde (14.05.1928, p. 01).

 

Referências
Autoria

Autores(as) do verbete:

Anderson Marinho

D536

Dicionário Manuel Querino de arte na Bahia / Org. Luiz Alberto Ribeiro Freire, Maria Hermínia Oliveira Hernandez. – Salvador: EBA-UFBA, CAHL-UFRB, 2014.

Acesso através de http: www.dicionario.belasartes.ufba.br
ISBN 978-85-8292-018-3

1. Artes – dicionário. 2. Manuel Querino. I. Freire, Luiz Alberto Ribeiro. II. Hernandez, Maria Hermínia Olivera. III. Universidade Federal da Bahia. III. Título

CDU 7.046.3(038)

 

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